A guerra na Ucrânia representa um "desafio excecional" para a indústria aeronáutica russa, prejudicada por sanções internacionais, indicou hoje o Ministério da Defesa britânico.

No seu relatório diário sobre o conflito, o ministério lembra que a Rússia cancelou a edição de 2023 da MAKS, a sua principal feira aeroespacial que inclui normalmente uma grande exibição aérea perto de Moscovo, e que é fundamental para garantir clientes de exportação nos setores civil e militar.

Na mesma nota, Londres disse que o cancelamento deste evento bienal provavelmente se deve a questões de segurança, após "recentes ataques de UAV ('drones', aparelhos aéreos não tripulados) dentro da Rússia".

"É muito provável que os organizadores também estivessem cientes do dano potencial à sua reputação caso menos delegações internacionais comparecessem" relativamente a edições anteriores à guerra em curso na Ucrânia, adiantou a mesma fonte.

Segundo o mesmo documento, o setor aeronáutico tem sido muito afetado pelas sanções internacionais impostas à Rússia.

Como prova desta teoria, o documento menciona que "especialistas altamente treinados são incentivados a servir como infantaria" na milícia da agência espacial Roscosmos.

Por outro lado, o Comandante-em-Chefe das Forças Aeroespaciais, general Sergei Surovikin, "não é visto em público desde o motim fracassado do Grupo Wagner, para quem serviu como ponto de contacto com o Ministério da Defesa da Rússia ", acrescentou Londres.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.