Deixem falar a Madeira global
'Fórum' será ainda mais importante se der palco à diáspora genuína
Boa noite!
O ‘Fórum Madeira Global’ é importante, mas deve ser repensado. Sobretudo para que se ouça mais o que têm a dizer os representantes da diáspora, sejam investidores ou remediados, notáveis ou anónimos, experientes ou caloiros.
Par tal, convém deixar falar mais os emigrantes, dos bem sucedidos aos azarados, os sábios conselheiros e os humildes conterrâneos que nos enchem de orgulho. Sem medos. De pouco servirá a opção determinada por políticas e estratégias que favorecem a participação social e cívica dos cidadãos se depois lhes retiramos espaço de manobra nos momentos em que sonham fazer-se notar.
Percebemos que havia muito para dizer de quem anda pelo mundo com a madeirensidade às costas, mas na reunião de ontem voltamos a ouvir em demasia os que por cá já têm palco permanente e de fartura, mas que ainda não perceberam que não devem sobrepor-se aos que precisam de tempo e vez para partilhar o que lhes vai na alma.
O congresso da diáspora deve ainda ser momento sublime para enaltecer os talentosos das novas gerações de madeirenses que vingam na aldeia global, deixando marcas globais sem esquecer a ligação às origens. É dando futuro ao milhão que vive fora que também cá dentro seremos felizes.
E para que nada se perca, mais importante do que ter temas sonantes e convidados de honra, urge assumir compromissos. Este ano o Fórum teve como objectivo abordar a cidadania solidária nas comunidades, mas acabou por focar-se em demasia nos assuntos de sempre e de solução adiada, nos voos directos para a Madeira da Venezuela ou da África do Sul que a TAP teima em não fazer, nos serviços consulares que envergonham o País, no ensino preguiçoso da língua e nas teimosas burocracias na obtenção de apoios. Sem estarem resolvidos dossiers ancestrais, ousar abordar outras dimensões da diáspora, também em constante mutação, será sempre redutor.