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Lucros da banca crescem nos 'dois dígitos' no 1.º semestre

Banco Santander, novobanco, BPI (CaixaBank) e Millennium BCP superaram resultados dos períodos homólogos em muitos milhões de euros

Foto Shutterstock
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Os lucros do Santander cresceram 38% para 334 milhões de euros no primeiro semestre deste ano, face ao mesmo período do ano passado, anunciou hoje o presidente executivo da instituição financeira, Pedro Castro e Almeida.

"Os resultados que apresentamos hoje são muito positivos, conforme o que tem sido a regra dos resultados dos bancos, diria, do mundo inteiro, particularmente da Europa", afirmou, destacando a influência das taxas de juro, mas também a "jornada de transformação" que a instituição iniciou há alguns anos.

No primeiro semestre, o Santander obteve um resultado líquido de 333,7 milhões de euros, num crescimento de 38,3% face aos 241,3 milhões de euros registados no período homólogo.

CaixaBank dona do BPI

O banco espanhol CaixaBank teve lucros de 2.137 milhões de euros no primeiro semestre deste ano, mais 35,8% do que no mesmo período de 2022, anunciou hoje o grupo financeiro, que é dono do BPI em Portugal.

O presidente executivo (CEO) do grupo Caixabank, Gonzalo Gortázar, citado num comunicado, disse que estes resultados "apoiam-se numa dinâmica comercial muito positiva" e na redução de "saldos duvidosos", num momento em que o banco opera num contexto de concretização plena das sinergias da fusão com o Bankia, considerada a maior do setor financeiro em Espanha.

Gortázar destacou ainda que "num contexto de normalização das taxas de juro", a carteira de crédito sã do banco alcançou no final do primeiro semestre 354.199 milhões de euros e cresceu 0,8% num ano, embora tenham diminuído os empréstimos para comprar casa.

A carteira de crédito a empresas aumentou 2,2%, a do crédito ao consumo cresceu 1,2% e a dos empréstimos para habitação diminuiu 2,6%.

Quanto à concessão de novos empréstimos nos primeiros seis meses do ano, foram concedidos 21.026 milhões de euros de crédito a empresas, 5.172 milhões para consumo e 4.654 milhões para compra de casas.

A morosidade (atrasos e incumprimentos no pagamento das prestações dos empréstimos) "voltou a baixar" e estava em 2,6% no final de junho, o valor mais baixo dos últimos 15 anos, segundo o CaixaBank.

No primeiro semestre, as receitas do grupo CaixaBank cresceram 31,3%, comparando com o mesmo período de 2022, e alcançaram os 7.110 milhões de euros, com destaque para as margens de juros, que foram 4.624 milhões de euros, mais 55,2% do que há um ano.

Os recursos dos clientes do CaixaBank alcançaram 627.824 milhões de euros no final do semestre (mais 2,7%) e os ativos totais sob gestão do banco eram de 156.111 milhões de euros (mais 5,5%).

O CaixaBank fechou 2022 com lucros de 3.145 milhões de euros, menos 39,8% do que em 2021, quando os resultados tiveram o impacto extraordinário da fusão com o Bankia.

Comparando parâmetros homogéneos, os lucros no ano passado cresceram 29,7% em comparação com 2021.

Novobanco em alta sustentada

O lucro do Novo Banco subiu 39,9% nos primeiros seis meses do ano, face a igual período de 2022, para 373,2 milhões de euros, anunciou hoje a instituição financeira.

"O Novo Banco apresenta um resultado líquido de 373,2 milhões de euros (1.º trimestre: 148,4 milhões de euros; 2.º trimestre: 224,8 milhões de euros), demonstrativo da evolução sustentada do negócio e da capacidade de geração de receita e de capital", refere a entidade em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

No período em análise, primeiro semestre, a margem financeira ascendeu a 524 milhões de euros, mais 95,5% em termos homólogos.

No segundo trimestre, "a margem financeira cresceu 12,7% face ao primeiro trimestre", adianta o banco.

"A evolução positiva da atividade comercial, num ambiente favorável das taxas de juro, repercutiu-se no crescimento de 62,3% do produto bancário comercial", para 669,4 milhões de euros, adianta o Novo Banco, no documento, referindo que "este desempenho mais que compensou o efeito da inflação e do investimento na melhoria dos processos do banco, que conduziu a um aumento dos custos operativos de 7,8% (6,3% excluindo os itens de natureza excecional)".

As provisões para crédito e títulos "apresentam uma ligeira redução face aos valores registados" no primeiro semestre de 2022 (-4,4 milhões de euros).

O produto bancário cresceu 21,2% para 692,4 milhões de euros.

As comissões de serviços a clientes atingiram os 145,4 milhões de euros, o que compara com 144,4 milhões de euros nos primeiros seis meses de 2022 (evolução de 0,7%).

"De destacar o contributo do desempenho da receita da Gestão de Meios de Pagamento (+10,5%; +6,4 milhões de euros face ao primeiro semestre de 2022), reflexo de um maior volume de transações, compensando os impactos resultantes das alterações regulatórias nas comissões sobre empréstimos", adianta o Novo Banco.

O crédito a clientes bruto ascendeu a 25,8 mil milhões de euros no final de junho, um aumento de 0,7% face a dezembro último.

"A originação no semestre foi de 1,8 mil milhões de euros suportada pela evolução positiva da captação de clientes, especialmente no crédito habitação e a empresas", adianta o banco.

No que diz respeito aos créditos não produtivos (NPL), estes "continuam a apresentar uma tendência favorável, com redução de 8% face a dezembro de 2022 e 2% face a março, reduzindo para 1.269 milhões de euros", sendo que o "rácio líquido de NPL situou-se em 0,9% (rácio de NPL de 4,4% com rácio de cobertura de 80,0%, superior à média europeia)", acrescenta o Novo Banco.

Os recursos totais de clientes aumentaram 2,5% face a dezembro, para 35,7 mil milhões de euros, "com os depósitos de clientes a apresentarem um crescimento de 2,5% no segundo trimestre".

De acordo com o Novo Banco, "este desempenho reflete-se no crescimento da quota de mercado dos depósitos para 9,6% em maio (dezembro de 2022: 9,3%). O rácio de transformação manteve-se em 82,6%".

Em junho, acrescenta, "o excedente de liquidez no ECB ascendia a 1,3 mil milhões de euros, mesmo após o reembolso de 3,1 mil milhões de euros do TLTRO III".

"Os outros resultados de exploração totalizaram -5,0 milhões de euros, com a comparação com o período homólogo impactada pelo ganho de 77,1 milhões de euros com a venda de ativos imobiliários, no primeiro semestre de 2022", aponta a instituição financeira.

Os outros resultados de exploração "incluem a contribuição anual para o Fundo Único de Resolução (15 milhões de euros) e para o Fundo de Resolução Nacional (7,1 milhões de euros), ganhos com a recuperação de crédito e resultados de imóveis",

No semestre, os custos com pessoal ascendera a 120,6 milhões de euros, mais 8,7 milhões que no período homólogo, os gastos gerais administrativos somaram 84,7 milhões de euros, mais 7,3 milhões de euros homólogos e as amortizações, de 19,8 milhões de euros, "estão em linha" com o primeiro semestre de 2022.

"O 'Cost to Income' comercial continuou a demonstrar uma tendência positiva, alcançando os 33,6% (primeiro semestre de 2022: 50,6%), Excluindo os itens de natureza excecional, os custos totalizariam 212,5 milhões de euros, representativos de um aumento de 6,3% face ao primeiro semestre de 2022, equivalente a 31,7% excluindo os itens de natureza excecional", refere o Novo Banco.

O banco contava com 4.132 colaboradores no final de junho e o mesmo número de balcões que em 31 de dezembro 2022 (292 balcões), dos quais mais de 257 a operar com o novo modelo de distribuição e mais de 231 equipados com VTM (Virtual Teller Machine), lê-se no comunicado.

O grupo Novo Banco "registou no primeiro semestre de 2023 um reforço de imparidades e provisões no montante de 56,0 milhões de euros, sendo a sua quase totalidade para crédito a clientes e títulos, apresentando estes dois agregados uma ligeira redução face ao 1S22 (-4,4 milhões de euros)".

A estratégia da instituição de apoio ao "tecido empresarial nacional pautou-se pelo rigor e disciplina no que respeita à concessão de crédito", prossegue, adiantando que "este apoio tem sido transversal a todos os setores e a todas as empresas, com um foco especial nas PME exportadoras e nas empresas que incorporam inovação nos seus produtos, serviços ou sistemas produtivos".

O crédito concedido a empresas representava 55%, crédito habitação 39% e crédito ao consumo e outros 6%.

Lucros do BCP aumentam quase sete vezes

O BCP teve lucros de 423,2 milhões de euros no primeiro semestre, quase sete vezes os 62,2 milhões de euros registados dos primeiros seis meses de 2022, divulgara ontem o banco.

A margem financeira (a diferença entre os juros pagos nos depósitos e os juros pagos no crédito) do grupo cresceu 39,5% para 1.374,4 milhões de euros, destacando o banco o crescimento superior a 60% da margem financeira em Portugal para 430,5 milhões de euros. Já as comissões ficaram praticamente estáveis em 387 milhões de euros.

Ainda no primeiro semestre houve o ganho extraordinário de 127 milhões de euros da venda na Polónia da seguradora Millennium Financial Services e o banco diz que para o crescimento dos lucros "contribuiu ainda o facto de, no primeiro semestre do ano anterior, o resultado ter sido fortemente penalizado pela constituição de imparidades, no montante de 102,3 milhões de euros, referentes à totalidade do 'goodwill' associado à participação que o grupo detém no Bank Millennium, na Polónia".

Do lado dos custos, os custos operacionais aumentaram 8,8% para 561,5 milhões de euros, o que atribui sobretudo à inflação. Os custos com o pessoal subiram 8,4% para 308 milhões de euros, desde logo devido à atividade em Portugal (mais 6% para 175,7 milhões de euros, em que se inclui).

O BCP tem 6.256 trabalhadores em Portugal, mais dois do que há um ano. O banco ainda não chegou a acordo com os sindicatos para aumentos salariais este ano, tendo decidido atualizar os salários unilateralmente em 3%. Hoje, o presidente executivo, Miguel Maya, disse não haver novidades sobre o tema.

Relacionado com a Polónia, o BCP registou encargos com 399,12 milhões de euros (dos quais provisões para perdas de 331,63 milhões de euros) relacionados com os créditos hipotecários em francos suíços na operação na Polónia.

Olhando para o balanço, o crédito caiu 1,3% para 57,9 mil milhões de euros, devido sobretudo à atividade em Portugal.