Cidades da Amazónia brasileira com mais desflorestação apresentam piores índices de desenvolvimento
Os municípios da Amazónia brasileira que mais devastaram a floresta nos últimos três anos se destacam entre os que apresentam os piores índices de desenvolvimento social, segundo um estudo divulgado ontem pela organização não-governamental Imazon.
O levantamento analisou 47 indicadores de qualidade de vida de áreas como saúde, educação, segurança e moradia, o Índice de Progresso Social (IPS) 2023 mostrou que o desflorestamento está relacionado com o baixo desenvolvimento da Amazónia já que os municípios que mais destruíram a floresta nos últimos três anos tiveram os piores desempenhos sociais.
Para Beto Veríssimo, cofundador do Imazon e coordenador da sondagem, o resultado do estudo é uma demonstração de que a destruição do que é considerado o maior pulmão vegetal do mundo não gera desenvolvimento social.
"Pelo contrário, o desmatamento deixou os 27 milhões de habitantes da região em condições sociais precárias", disse Veríssimo.
A classificação dos municípios segundo seu desenvolvimento social foi contrastada com a lista dos que mais devastaram a Amazónia nos últimos três anos com base em estudos com imagens de satélite de alta resolução elaboradas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) estadual.
Segundo o Imazon, os 29 municípios amazónicos do Brasil que obtiveram as maiores notas de progresso social (acima de 61,80) derrubaram apenas entre 2020 e 2022 1,8% dos 34.831 quilómetros quadrados de floresta que perderam juntos em toda a sua história.
Ao contrário, os 89 municípios que tiveram os piores índices de desenvolvimento social (abaixo de 50,12) demoliram juntos nos últimos três anos 7,3% dos 104.202 quilómetros quadrados devastados em sua história.
Altamira, o município brasileiro que mais destruiu sua floresta nos últimos três anos (2.190 quilómetros quadrados), tem Índice de Desenvolvimento Social de 51,28, o que o coloca em 619º lugar entre os 772 municípios da Amazónia por índice de desenvolvimento.
O IPS médio dos 20 municípios com as maiores áreas destruídas em três anos (52,3) é inferior ao de toda a Amazónia em geral (54,32).
Enquanto o IPS do Brasil chega a 67,94, o da Amazónia se limita a 54,32. O estado amazónico com melhor pontuação é o Mato Grosso, com 57,38, indicador abaixo da média brasileira, e o de pior pontuação é o Pará (52,68).
Segundo o Imazon, se a Amazónia fosse um país, estaria entre os de menor desenvolvimento social do mundo, situação semelhante à do Malawi, nação africana em 125º lugar entre os 169 países com melhor índice de desenvolvimento social progresso em 2022.