Borrell diz que Kiev tem direito a defender-se fora de fronteiras
O alto representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, disse hoje que a Ucrânia tem o direito de se defender de ataques russos fora dos limites do território ucraniano.
"Não entendo muito bem essa discussão de que a Ucrânia pode defender-se, mas apenas dentro dos limites do seu território. A Ucrânia pode defender-se e se pudesse destruir todas as bases de onde é bombardeada, fá-lo-ia", argumentou Borrell em declarações a jornalistas em Santander, antes de participar num ciclo de conferências sobre a UE na Universidade Internacional Menéndez Pelayo.
Borrell - que comentava um ataque ucraniano com 'drones' em território russo, insistiu que se deve reconhecer "o direito de defesa a um povo atacado".
Segundo o alto representante da UE, o conflito "continua muito vivo e muito combativo", configurando "uma guerra de grande intensidade com terríveis bombardeamentos sobre a população civil".
Borrell recordou que a Rússia está neste momento a bombardear os armazéns de cereais e também as infraestruturas portuárias que permitiriam a sua exportação em tempo útil, provando que o Presidente russo, Vladimir Putin, está a "usar a arma da fome no mundo como instrumento desta guerra".
Para Borrell, Putin, em vez de conquistar a Ucrânia, está a destruí-la.
"Por isso, temos de ajudar a Ucrânia defender-se", concluiu o principal diplomata da UE.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,7 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,2 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.