Fact Check Madeira

Será verdade que a Covid-19 foi a maior crise de saúde pública da Madeira como afirmou Miguel Albuquerque?

None
Facebook de Miguel Albuquerque

Miguel Albuquerque esteve ontem no Porto Santo, num encontro de social-democratas. Integrado num autoelogio e ao seu Governo Regional e perante o líder nacional do PSD, Luís Montenegro, afirmou: “Todos nós sabemos que vivemos, nesta legislatura, um dos períodos mais difíceis da História da Madeira. Penso que é fácil esquecer, mas em 2020 tínhamos a Madeira paralisada, com a maior crise económica de sempre e com a maior crise de saúde pública, que tivemos ocasião de viver em todo o tempo histórico da Madeira e do Porto Santo.” Mas será que a afirmação de Miguel Albuquerque corresponde à verdade?

Na análise à veracidade da afirmação do presidente do PSD-M, que se recandidata a mais um mandato à frente do Governo Regional, vamos considerar somente a parte da saúde públicas, até porque, na esmagadora maioria das vezes surge associada a crises económicas e socias. São aspectos que interagem e andam de mão dadas.

Na verificação da afirmação de que, em 2020, a Madeira e o Porto Santo viveram “a maior crise de saúde pública” da sua História, beneficiámos de um estudo, de Março de 2021, do Arquivo e Biblioteca da Madeira, a propósito de se completar o primeiro ano de Covid-19 na Região.

Epidemias na Madeira

A pandemia de Sars-Cov-2 chegou a Portugal no início de março de 2020. No dia 18, foi decretado o estado de emergência, pelo Presidente da República, através do Decreto n.º 14-A. No mês em que a presença do flagelo perfaz um ano na Madeira, a DRABM fez uma imersão no passado e destaca, numa cronologia, as

“No mês em que a presença do flagelo perfaz um ano na Madeira, a DRABM fez uma imersão no passado e destaca, numa cronologia, as epidemias que marcaram a História da Madeira – Peste (1521-1538), Cólera morbus (1856), Peste bubónica (1905) e Cólera (1910) (…).”

“Ao longo dos tempos vários surtos assolaram a ilha.  Em 1521, surgiu o 1.º surto de peste. Entre o século XIX e XX ocorreram dois contágios de cólera, intercalados pelas epidemias endémicas como a varíola, sarampo, tosse convulsa, difteria, gastrites, gripes e disenterias.  Estas doenças, associadas às calamidades sociais -alcoolismo, insalubridade, miséria e fome – marcaram presença constante na História da Madeira e contribuíram para um aumento significativo das taxas de mortalidade. Como se não bastasse, uma terceira epidemia emergiu entre os dois surtos de cólera – a peste na variante bubónica.”

Basta ler o que esta instituição (ABM) oficial escreveu e ilustrou, aqui referido em síntese, para se constatar que a afirmação de Miguel Albuquerque é falsa. Na Madeira, desde o início da Pandemia por Covid-19 foram atribuídas à doença menos de 500 mortes (413 até 14 de Janeiro de 2023), de acordo com os números tornados públicos.

Segundo a ABM, a Peste de 1521-1538 provocou mais de 1.600 mortos. A Peste Bubónica de 1906 provocou entre 7 e 10 mil mortos. A Cólera, em 1910-1911, originou 556 mortos.

A Região experienciou, com a Covid-19, "a maior crise de saúde pública, que tivemos ocasião de viver em todo o tempo histórico da Madeira e do Porto Santo" - Miguel Albuquerque