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Guterres propõe Nova Agenda de Paz para mundo que vive "numa encruzilhada"

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O secretário-geral da ONU apresentou hoje a 'Nova Agenda de Paz', um documento que propõe medidas para resolver e prevenir conflitos num mundo que vive "numa encruzilhada", em plena transição para uma ordem mundial ainda por determinar.

"Estamos agora num ponto de inflexão. O período pós-Guerra Fria acabou", destaca António Guterres no documento que prevê um sistema multipolar, mas "cujos contornos ainda não foram definidos".

Segundo Guterres, "neste momento de transição, as dinâmicas de poder tornaram-se cada vez mais fragmentadas à medida que novos polos de influência surgem, novos blocos económicos são formados e os eixos de disputas são redefinidos".

"Há um aumento da competição entre as grandes potências e uma perda de confiança entre o Norte Global e o Sul Global. Diferentes estados estão a tentar cada vez mais reforçar a sua independência estratégica, ao mesmo tempo em que tentam contornar as linhas divisórias existentes", sublinhou.

Nesta conjuntura, alerta o diplomata português, espera-se uma maior "competição geoestratégica nas próximas décadas", com mais conflitos, novos recordes de gastos militares e uma erosão dos acordos de controlo de armas e gestão de crises que ajudaram a manter a estabilidade no passado.

"A sua deterioração, quer em escala global quer regional, aumentou a possibilidade de confrontos perigosos, erros de cálculo e espirais de escalada. O conflito nuclear voltou a fazer parte do discurso público", pode ler-se no documento.

A somar a estas circunstâncias há a ameaça de novas tecnologias como a Inteligência Artificial e o seu possível uso na esfera militar, realça ainda.

Como resposta, Guterres propõe o reforço da prevenção de conflitos como primeiro pilar da sua estratégia, com mais investimento no combate às situações geradoras de insegurança e na identificação o mais rapidamente possível de possíveis situações de tensão.

O líder da ONU também defende o fortalecimento das operações de manutenção da paz das Nações Unidas e a sua cooperação com outras organizações para o envio de forças desse tipo.

Também pede uma melhoria na arquitetura internacional, a começar por uma reforma do Conselho de Segurança que facilite a obtenção de consensos e decisões mais democráticas.

Entretanto, Guterres considera essencial estabelecer mecanismos para proteger o ciberespaço, proibir sistemas de armas autónomos ou negociar regras para evitar uma corrida ao armamento no espaço sideral.

As suas propostas foram enviadas esta quinta-feira aos Estados-membros, que planeiam analisá-las nos próximos meses.

A ONU, segundo fontes da organização, espera que alguns dos elementos sejam incluídos no Pacto para o Futuro, que os países esperam aprovar numa cimeira em setembro de 2024.