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Costa recusa ter transmitido informação falsa sobre qualificação da economia

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O primeiro-ministro recusou hoje ter transmitido informação falsa sobre a qualificação da economia, fazendo referência a dados do Instituto Nacional de Estatística, após uma acusação do BE de que teria faltado à verdade sobre este tema.

Na reta final do debate sobre o estado da nação, que decorreu esta tarde na Assembleia da República, o primeiro-ministro pediu a palavra para solicitar a distribuição ao líder parlamentar do BE de uma informação do Instituto Nacional de Estatística (INE).

"É uma interpelação para pedir que fosse distribuído ao senhor deputado Pedro Filipe Soares a nota metodológica publicada em 19 de maio pelo INE que dá o devido enquadramento à referência que [o deputado bloquista] fez sobre a variação do emprego de pessoas com ensino superior entre 2022 e 2023 que, em qualquer dos casos, nunca consentiria a afirmação de que a comparação que eu fiz entre 2015 e 2023 era falsa", afirmou António Costa.

No arranque do debate, o primeiro-ministro tinha defendido que a economia é hoje "muito mais qualificada, muito mais produtiva, muito mais competitiva e muito mais diversificada e mais aberta do que em 2015".

"Uma economia mais qualificada porque cresceu muito o número de trabalhadores qualificados. Só entre 2015 e 2022, a população empregada com ensino secundário ou superior aumentou 42%. Hoje há mais um milhão de pessoas qualificadas empregadas, metade das quais, 564.000, com ensino superior", afirmou António Costa.

Em resposta ao primeiro-ministro, o líder parlamentar do Bloco de Esquerda pediu que fosse distribuída uma notícia do semanário Expresso, de 19 de julho, na qual se lê que "o número de pessoas com emprego em Portugal está perto do valor mais alto desde, pelo menos, 2011" só que, "no espaço de um ano, 'desapareceram' mais de 100 mil trabalhadores com formação superior".

O deputado afirmou que notícia cita dados do INE e considerou que "comprova a afirmação" que fez que "ao longo de todo os meses de mandato deste Governo houve uma redução do número de empregos com qualificações superiores em Portugal".

Antes, numa intervenção durante o debate, Pedro Filipe Soares tinha acusado o primeiro-ministro de faltar à verdade quando falou numa "economia mais qualificada", sustentando que foram destruídos mais de 100 mil postos de trabalho de licenciados no último ano.

"O país ouviu o Governo dizer que hoje temos uma economia mais qualificada. E a pergunta é desde que este governo entrou em funções, há pouco mais de um ano, a economia está mais qualificada, como disse o senhor primeiro-ministro? A resposta é não", afirmou.

"É uma mentira o que o senhor primeiro-ministro nos veio cá dizer hoje, é uma mentira esta propaganda do Governo", acusou, referindo que "ao longo do último ano, 105 mil empregos de pessoas licenciadas foram destruídos".