"Saio como entrei: Convicta de que é tempo de mudar." Assim intitula uma partilha da deputada socialista Sílvia Sousa Silva nas rede social Facebook a sua não candidatura a um novo mandato nas próximas eleições legislativas regionais de 24 de Setembro.

"A terminar a XII Legislatura e precisamente no dia em que se comemora 47 anos de Autonomia, deixei a Assembleia Legislativa da Madeira exatamente como entrei há 4 anos: cheia de sonhos e convicções, fiel aos meus princípios, aos meus amigos e à minha terra, sem remorsos e arrependimentos, consciente que em qualquer lugar e em qualquer função é sempre possível fazer melhor e mais convencida ainda que é urgente mudar a Madeira!", escreveu a nota de despedida.

E acrescentou: "Tentei fazer o que esperavam de mim, mesmo perante condições e pessoas que tudo fizeram para desistirmos. Defendi apenas aquilo em que acreditava. Apresentei exatamente as mesmas propostas e soluções que apresentaria se o PS estivesse no poder. Não fiz de conta, não escondi nada para mais tarde, não recuei perante os insultos e as ameaças. Voltei muitas vezes horrorizada e frustrada para casa mas não temo por mim, temo pelo futuro da Madeira."

Ainda assim, garante a deputada eleita pelas listas do PS-Madeira em 2019, "foi uma experiencia enriquecedora e agradeço a todos os que confiaram em mim. Valeu pelas pessoas. Pelas boas pessoas que conheci e pelas más e muito más que nos ensinam a escolher as lutas e as pessoas que valem a pena", continuou, ainda assim sem direccionar as críticas, embora se possa deduzir que sejam para deputadas do PSD e do CDS.

Pelo menos é o que se apreende do que escreve a seguir. Admitindo a sua "ingenuidade", a deputada "julgava que todos na Assembleia, independentemente da cor política, trabalhavam por uma causa comum e que só variavam os caminhos para lá chegar. Sei agora que não é assim, porque vi que quem tem o poder, nem sempre tem a vontade de servir, mas apenas de governar", aponta.

Garante que, "obviamente", não cumpriu tudo o que quis. "Não saio com o sentimento de dever cumprido porque não nos foi permitido cumprir", acusa. "Não nos deixaram! Não cumprimos as ideias, não cumprimos o que julgávamos ser o melhor para a Madeira, não cumpri o sonho que me levou a candidatar-me, o de passar das criticas às soluções. Tantas vezes acreditei que iam aprovar as nossas propostas porque eram de facto as soluções que os madeirenses queriam", enumerando as áreas que era a especializada socialista no parlamento.

"Na agricultura, na pecuária, no ambiente, na alimentação, no mar pensei sempre que era possível", lamenta. "Não foi, mas nunca deixarei de trabalhar. Nunca deixarei de acreditar, que enquanto assim for... é tempo de mudar, Sérgio Gonçalves a Madeira precisa de ti!", deixa a última uma palavra de apoio ao líder socialista que encabeça a candidatura às eleições que decorrem dentro de pouco mais de dois meses.