Chanceler alemão preocupado com continuação dos tumultos
O chanceler alemão, Olaf Scholz, manifestou-se hoje preocupado com a continuação dos tumultos em França, que já levaram ao cancelamento da visita de Estado do presidente francês, Emmanuel Macron, à Alemanha, que deveria iniciar-se hoje.
"Temos laços de amizade com França e somos uma dupla para garantir que a União Europeia, tão importante para o nosso futuro, funcione bem, e é por isso que observamos com preocupação" o que se passa no país, disse Scholz em entrevista ao canal público da televisão alemã ARD.
O chanceler alemão declarou-se "totalmente convicto" de que Macron "encontrará os meios para que a situação melhore rapidamente".
Emmanuel Macron devia iniciar hoje uma vista de Estado à Alemanha para relançar as relações entre os dois países, que têm posições opostas em vários dossiers, como acontece em matéria de Defesa, energia e disciplina orçamental na Europa.
A visita foi adiada devido aos tumultos em França.
Nahel, um jovem de 17 anos, de ascendência árabe, foi vítima de um disparo mortal por parte de um polícia, na terça-feira, 27 de junho, quando tentava fugir de um posto de controlo de trânsito, em Nanterre, nos arreadores de Paris.
As imagens em que o jovem francês recebe um disparo mortal por parte de um polícia, registadas por testemunhas, provocaram uma forte indignação em França, o que culminou em protestos nas ruas, principalmente nos bairros sociais das grandes cidades e na região metropolitana de Paris.
Os confrontos em França contra as forças de segurança surgiram logo na noite de terça-feira em Nanterre e, desde então, têm-se registado diariamente com milhares de pessoas nas ruas.
No sábado, quinta noite consecutiva de distúrbios em França, pelo menos 719 pessoas foram detidas e 45 polícias ficaram feridos, informou hoje o Ministério do Interior.
Numa publicação na conta pessoal na rede social Twitter, o ministro francês do Interior, Gérard Darmanin, indicou que, apesar dos incidentes, a noite de sábado para hoje foi mais calma que as anteriores, facto que, no seu entender, se deve a uma maior presença das forças de segurança nas ruas.
As cerimónias fúnebres de Nahel decorreram no sábado em Nanterre, nos arredores de Paris, com um velório privado, uma cerimónia na mesquita e o enterro num cemitério local, onde compareceram centenas de pessoas.
O agente da polícia suspeito da morte do jovem, acusado de homicídio, foi detido e vai ficar em prisão preventiva.