Taxas de juro já são mais de metade da prestação da casa
Pela primeira vez desde Maio de 2009 as taxas de juro implícitas a crédito à habitação custa, em média, mais do que o valor da amortização do empréstimo na prestação da casa. Se no país tal ocorre pelo segundo mês consecutivo, na Madeira é uma novidade para este indicador e que não ocorria há tempo demasiado para muitos quiçá terem memória desse facto.
Em Portugal, "a taxa de juro implícita no conjunto dos contratos de crédito à habitação foi 3,649% em Junho, o valor mais elevado desde Abril de 2009, traduzindo uma subida de 25,1 pontos base (p.b.) face a Maio (3,398%)", refere o Instituto Nacional de Estatística esta manhã.
Na Região Autónoma, não só a taxa de juro em média estava mais alta (3,786%) do que no país nesse mês de Junho, como também era a mais alta desde Maio de 2009 (3,550%), registando-se uma subida de 23,3 pontos base face a Maio deste ano (3,553%), como apesar de capital em dívida ser mais baixo a prestação total era mais alta. Em relação a Junho do ano passado, a taxa de juro que era de 0,816% sofreu um agravamento de 364%, ou seja mais de 3 vezes e meia reflectindo o agravamento das taxas de juro de referência do BCE que tanto se tem falado no último ano.
"Nos contratos celebrados nos últimos três meses, a taxa de juro subiu de 3,882% em Maio para 4,132% em Junho, atingindo o valor mais elevado desde Maio de 2012", refere o INE para o país. "A prestação média fixou-se em 361 euros em Junho, mais 9 euros que em Maio e mais 100 euros que em Junho de 2022, o que traduz um aumento homólogo de 38,3%". E acrescenta: "Nos contratos celebrados nos últimos 3 meses, o valor médio da prestação subiu 18 euros face ao mês anterior, para 609 euros em Junho (aumento de 48,9% face ao mesmo mês do ano anterior). O capital médio em dívida aumentou 127 euros, para 63.296 euros."
Nesses mesmos critérios, o capital em dívida nos créditos à habitação celebrados na RAM aumentou para 62.738 euros (+1,5%) em Junho face a Maio (61.801 euros ou mais 937 euros). Há um ano o capital em dívida era de 60.532 euros, tendo sofrido um aumento médio de 2.206 euros. Por isso, a prestação total aumentou 100 euros em relação a Junho de 2022 (274 euros) e 11 euros em relação a Maio (363 euros), ou seja mais 36,5% e mais 3%, respectivamente.
Retomando a questão inicial, nos últimos anos o valor pago pelas taxas de juro tem estado quase sempre abaixo do capital amortizado (a última vez que tal não acontecera fora há mais de 14 anos), contudo nos últimos seis meses, essa diferença sofreu uma redução considerável e, assim, pela primeira vez desde Maio de 2009 a amortização (178 euros) é inferior aos juros totais (196 euros), representando 47,6% e 52,4%, respectivamente da prestação total. Há um ano, 85% da prestação representava o capital amortizado (233 euros), contra 15% dos juros (41 euros).