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Macron céptico sobre norte-americana a regular gigantes da tecnologia na UE

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O Presidente francês Emmanuel Macron mostrou-se hoje cético sobre a nomeação da norte-americana Fiona Scott Morton para o importante cargo de regulamentação de gigantes da tecnologia na União Europeia (UE), aguardando respostas da Comissão Europeia.

Macron, que falou em Bruxelas à margem da cimeira dos 27 Estados-membros com os países da América Latina e Caraíbas, tinha reunido antes com a vice-presidente do executivo europeu, Margrethe Vestager, que defendeu hoje este recrutamento perante o Parlamento Europeu.

A nomeação de Scott Morton como a nova economista-chefe da Direção-Geral da Concorrência provocou indignação entre os eurodeputados.

Mas a Comissão Europeia defendeu a decisão para a nomeação desta professora de economia na prestigiosa Universidade de Yale, noticiou a agência France-Presse (AFP).

Para Macron, se não existe "nenhum investigador [europeu] deste nível para ser recrutado pela Comissão, isso significa que existe um problema muito grande com todos os sistemas académicos europeus".

O governante francês sublinhou ainda a ausência de reciprocidade por parte dos Estados Unidos e da China para nomear europeus, que estariam "no centro das [suas] decisões".

Eurodeputados aludiram às antigas funções de Scott Morton como chefe de análise económica na divisão dos direitos de concorrência do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, entre 2011 e 2012, ou como consultora de grandes grupos de tecnologia como a Amazon, Apple e Microsoft.

Entre os receios estão possíveis conflitos de interesse e o risco de interferência de Washington nas decisões da UE.

Por seu lado, a vice-presidente da Comissão Europeia contrariou a ideia de que a norte-americana não pode trabalhar no setor da tecnologia por trabalhou para gigantes da tecnologia.

Margrethe Vestager realçou que Scott Morton exerceu os seus cargos como consultora, mas "nunca como lobista".

No entanto, reconheceu que haverá alguns processos nos quais Scott Morton não poderá estar envolvida para evitar conflitos de interesse.

Mas "são pouquíssimos casos, no máximo um punhado", destacou, recusando-se a revelar a lista por questões de confidencialidade, apesar da insistência por parte de vários eurodeputados.

A abertura da vaga a candidatos não europeus constava do anúncio publicado em março, explicou ainda, justificando esta escolha pela escassez de competências disponíveis.

A Comissão recebeu apenas 11 candidaturas, quatro das quais cumpriram os critérios de seleção, realçou a comissária da Concorrência.

A poderosa Direção-Geral da Concorrência é responsável por assegurar o bom funcionamento da concorrência na UE e, em particular, por investigar os abusos de posição dominante por parte dos gigantes tecnológicos, que resultaram em multas recordes nos últimos anos.

Esta nomeação ocorre num momento em que a UE deve implementar uma nova legislação ambiciosa para regular o setor.