Corpo de bebé de oito meses encontrado em praia espanhola do Mediterrâneo
O corpo de uma bebé de oito meses que morreu no naufrágio de uma embarcação no Mediterrâneo com migrantes foi encontrado numa praia da Catalunha, em Espanha, disseram hoje as autoridades locais.
Segundo a força policial Guarda Civil, a bebé viajava numa das embarcações precárias conhecidas em Espanha como "pateras" que tentam alcançar as costas europeias a partir do norte de África.
O corpo da criança, já em estado de decomposição, foi encontrado em 11 de julho na praia de Roda de Verà, em Tarragona, por funcionários municipais.
Segundo testemunhos citados por meios de comunicação espanhóis, o corpo já estava há alguns dias no local, mas por causa da posição em que se encontrava tinha sido confundido com um boneco.
Hoje, num comunicado, a Guarda Civil disse que o corpo foi identificado como o de uma bebé argelina de cerca de oito meses que morreu afogada, como os pais, no naufrágio de uma embarcação ao largo das ilhas espanholas das Baleares.
Foi possível identificar a criança pelo cruzamento do ADN com o do corpo de uma mulher encontrado em 06 de abril na costa das Baleares, tendo os peritos concluído que eram filha e mãe.
Segundo a Guarda Civil, a embarcação tinha saído em 21 de março de Cherchell, na Argélia, com 15 migrantes a bordo, e naufragou depois de ter andando semanas à deriva no Mediterrâneo.
Nenhuma das 15 pessoas a bordo sobreviveu e, até agora, as autoridades espanholas encontraram ou recuperaram oito corpos, incluindo o da bebé hoje identificada.
Perto de mil pessoas já morreram no Mediterrâneo e no Oceano Atlântico nos primeiros seis meses deste ano quando tentavam chegar a Espanha, a partir do norte de África, divulgou a organização não-governamental (ONG) Caminhando Fronteiras no dia 06 de julho.
A ONG espanhola, que recolhe dados de fontes oficiais e junto de comunidades de migrantes e outras organizações sociais no terreno, contabilizou 951 vítimas entre janeiro e junho, numa média de cinco mortos por dia em naufrágios documentados e em 19 embarcações perdidas em alto mar com todas as pessoas que iam a bordo dadas como desaparecidas.
Entre os mortos havia 112 mulheres e 49 crianças e as vítimas eram oriundas de 14 países africanos e do Médio Oriente, segundo os dados recolhidos pela Caminhando Fronteiras.
A maioria das vítimas foram identificadas na designada "rota das Canárias", no Atlântico, entre a costa ocidental africana e o arquipélago espanhol das Canárias, onde morreram 778 pessoas no primeiro semestre do ano em "28 tragédias" com embarcações.
Os outros naufrágios com vítimas mortais ocorreram no Mediterrâneo, entre as costas da Argélia e Marrocos e as de Espanha.
"Entre as causas que provocaram tragédias e vítimas neste período, voltamos a assinalar a omissão do dever de socorro, a demora na ativação de meios de busca e resgate, a insuficiência de meios quando estes são ativados, as más práticas durante os resgates e a falta de coordenação entre os Estados espanhol e marroquino, cujas relações se regem por interesses geopolíticos vinculados ao controlo migratório e não pela defesa do direito à vida", escreveu a ONG Caminhando Fronteiras num comunicado.
Espanha, a par de Itália, Grécia ou Malta, é conhecida como um dos países da "linha da frente" ao nível das chegadas de migrantes irregulares à Europa.