Lula da Silva critica em Bruxelas "corrida armamentista" e desvio de recursos essenciais
O Presidente do Brasil criticou hoje a "corrida armamentista que dificulta ainda mais" a luta contra as alterações climáticas e considerou que a invasão da Ucrânia está a esvaziar recursos que poderiam ser destinados a programas socioeconómicos.
"A corrida armamentista dificulta ainda mais o enfrentamento da mudança do clima", sustentou Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto intervinha num fórum empresarial entre a União Europeia (UE) e os países da América Latina e das Caraíbas, em Bruxelas, que antecede a cimeira que vai realizar-se hoje e terça-feira.
Quase uma semana depois da Cimeira da Aliança Atlântica, onde os Estados-membros se comprometeram com mais ajuda militar para a Ucrânia, o Presidente do Brasil acrescentou que a guerra "no coração da Europa" lançou sobre o planeta um "manto de incerteza" e "canaliza para fins bélicos recursos até então essenciais para a economia e programas sociais".
"A crise da democracia semeia a discórdia, a violência e a intolerância, solapando as condições da vida em sociedade e o planeamento da atividade económica", advertiu o chefe de Estado brasileiro, no mesmo fórum onde intervieram a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, em representação da presidência do Conselho da UE.
Depois de a pandemia "ceifar milhões de vidas" e desorganizar "o sistema produtivo nos quatro cantos" do planeta, Lula da Silva considerou que agora são as alterações climáticas o principal problema: "A mudança do clima evidencia a urgência em preservar a biodiversidade e os ecossistemas."
"Frente a todos esses desafios, cabe aos governantes, empresários e trabalhadores reconstituir o caminho da prosperidade, da retomada da produção, dos investimentos e dos empregos", completou.
Voltando-se para o tópico do fórum, Lula da Silva advogou que região que agrega os países da América Latina e das Caraíbas tem "enormes oportunidades de investimento" e são sociedades "em processo de forte mobilidade social nas quais se constituem novos e dinâmicos mercados internos, integrados por centenas de milhões de consumidores".
Lula da Silva já foi amplamente criticado pelos representantes da UE por causa da posição que consideram ser ambígua em relação à invasão russa.
Por seu turno, o Presidente do Brasil tem defendido que está mais concentrado em encontrar pontos de convergência entre o Governo ucraniano e o Kremlin para se chegar a um cessar-fogo e depois a um acordo que acabe de vez com o conflito.