Os donos da autonomia
Apesar de tudo e passados quase meio século, ainda muito longe da realidade a liberdade na região autónoma da Madeira instituiu a democracia. Senão vejamos: sinónimo de democracia; Origem etimológica: do Grego demokrátia, governo do povo. Quando questionado esse mesmo povo sobre o que é para si democracia, a grande maioria associa a: votar, eleger os governantes, ou simplesmente ter liberdade para escolher. Quando um dos princípios da democracia é a alternância do poder, como é que nós os madeirenses podemos convictamente afirmar que vivemos numa democracia, com as sucessivas maiorias dos mesmos de sempre? Será que a intenção de criar uma lei na Assembleia da República para a limitação de mandatos, de nada serviu para impedir que o vício da promiscuidade, da arrogância, da prepotência e da corrupção se impregnasse na sociedade de modo a fazer o povo acreditar que isto é mesmo assim e não há nada a fazer? Parece que o nosso povo sofre de uma síndrome rara de mentalidade, achando que o velho ditado “mais vale o mal conhecido que o bom por conhecer” prevaleça no gene de quem sente medo de mudar. Mas se os dias mudam, as horas mudam, os meses e os anos também, porque razão existe o medo de mudar o paradigma político duma região, com o maior risco de pobreza que com (26%) é a mais pobre do país, onde cada novo madeirense que nasce já acarreta com uma dívida de 22 mil euros, onde 40 mil utentes aguardam uma consulta e 20 mil por uma cirurgia, tudo isto noticiado neste matutino. Será que valeu mesmo a pena continuar a acreditar que os obreiros desta calamidade serão os construtores duma solução para estes e outros problemas que teimam em manter à conta desta incapacidade, poderem continuar no seu rol de promessas eleitorais a mentir e enganar os Madeirenses e Porto-santenses sob pena de continuarem num mar de lamentações, o eleitorado não poderá deixar de modo algum fugir a oportunidade de substituir o medo e corajosamente encontrar uma alternativa que venha a curto prazo colmatar esta tragédia, correndo o risco de, principalmente aqueles 125 mil “abstencionistas” que desistiram de acreditar, ser possível uma nova forma de fazer política e uma nova maneira de estar em democracia. A nossa luta resume-se a que sem qualquer dúvida para que os nossos filhos e os nossos netos quando folhearem a história da Madeira, não digam que nada fizemos para que em vez de autonomia, se questionem se realmente sabíamos o verdadeiro significado de democracia. Será que ainda chegamos a tempo de restaurar a democracia, restituir a liberdade e resgatar os valores da sociedade, não correndo o risco de os nossos descendentes se envergonharem de nós.
A.J. Ferreira