A Guerra Mundo

Rússia acusa países europeus de proteger autores de sabotagem do Nord Stream

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A Rússia acusou hoje a Alemanha, Dinamarca e Suécia de atrasar deliberadamente as investigações à sabotagem dos gasodutos Nord Stream, de forma a tentar proteger os responsáveis por esses ataques.

"A inação das autoridades europeias só pode ser explicada de uma forma: tentativas de parar (a investigação) para acobertar os verdadeiros responsáveis pelo crime", disse o embaixador russo junto às Nações Unidas (ONU), Vasily Nebenzya, numa reunião do Conselho de Segurança.

"A Federação Russa continuará a levar a questão da sabotagem do Nord Stream ao Conselho até que os responsáveis sejam identificados e levados a julgamento", insistiu.

A Rússia convocou uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para criticar a falta de resultados nas investigações nacionais levadas a cabo pela Dinamarca, Alemanha e Suécia sobre a sabotagem ocorrida em setembro de 2022 nos dois gasodutos Nord Stream, no mar Báltico.

Contudo, os países ocidentais acusaram Moscovo de usar o Conselho de Segurança como uma plataforma para desinformação, após convocar três reuniões em menos de um mês para debater essas explosões.

"Como outros diplomatas notaram, esta é a terceira vez em menos de um mês que a Rússia pede ao Conselho de Segurança para discutir a destruição do Nord Stream. Os esforços russos para tentar usar este Conselho como uma plataforma para desinformação são tão cínicos como transparentes", disse o embaixador norte-americano Jeffrey DeLaurentis.

Para a reunião de hoje, Moscovo convidou dois jornalistas que se intitularam "independentes" e que advogaram existir uma "cumplicidade ocidental" para ocultar os responsáveis pela explosão.

Porém, vários diplomatas optaram por criticar a periodicidade com que a Rússia tem convocado reuniões sobre o tema mesmo quando as investigações ainda decorrem e não existe nenhum fator novo para discussão.

"Continuamos confiantes nas investigações competentes e credíveis em curso na Alemanha, Suécia e Dinamarca. Agradecemos a esses países pelo seu compromisso com investigações imparciais e pela sua recente carta sobre o assunto ao Conselho. As preocupações infundadas da Rússia sobre a transparência e imparcialidade dessas investigações soam tão vazias quanto as suas afirmações de que não tinha relacionamento com o grupo Wagner e não planeavam invadir a Ucrânia", afirmou DeLaurentis.

O embaixador francês junto à ONU, Nicolas de Rivière, considerou "uma contradição" o facto de a Rússia estar preocupada com a infraestrutura crítica dos gasodutos, quando diariamente ataca as infraestruturas ucranianas.

"Em vez de convocar reuniões sobre o gasoduto e desperdiçar o tempo do Conselho num processo de investigação em andamento, a Rússia poderia ser mais útil e produtiva e retirar as suas tropas da Ucrânia", defendeu Ferit Hoxha, embaixador da Albânia.

Já o diplomata britânico, James Kariuki, revelou que na recente carta enviada ao Conselho, a Alemanha, Suécia e Dinamarca destacaram a complexidade das investigações em andamento e ressaltaram que esse processo levará tempo.

Em março passado, o Conselho de Segurança rejeitou uma proposta russa de iniciar uma investigação internacional às explosões, com a maioria dos membros a defender a continuidade das investigações da Alemanha, Dinamarca e Suécia.

Os ataques aos gasodutos Nord Stream, que não estavam em serviço no momento do incidente, ocorreram em 26 de setembro de 2022 e provocaram duas fugas em cada um deles: duas na zona dinamarquesa e duas na zona sueca, todas em águas internacionais.