Os vistos gold ou mais um episódio de “Love Story” de Costa

Em menos de duas semanas viu-se o quanto enamorado António Costa, o seu Governo da República e o seu PS estavam da Madeira: A 25 de junho veio cá apregoar o seu amor, arvorando-se em pretendente à “mão” de uma Madeira pouco ou nada propensa, segundo ele, aos seus encantos; a 6 de julho, o seu PS rejeita, na Assembleia nacional, a proposta do PSD que permitiria prorrogar em nove anos o prazo para findar os vistos gold, tão essenciais para a economia regional.

A 25 de junho, estava eu a recordar, António Costa lamentou-se que apesar da Madeira e dos madeirenses nem sempre gostarem do PS, o PS (e ele) está sempre enamorado por esta nossa terra autónoma e por quem cá vive.

Mas, lembrando outros episódios de outras viagens até cá, António Costa é daqueles que “longe da vista, longe do coração». Chegado a São Bento esquece-se rápido daquela a que prometeu apoiar e amar, mesmo apesar de não correspondido.

São as chamadas “Love Storys” de Costa. É o amor à moda de Costa e do PS. Que já tínhamos visto, por exemplo, em 2019, quando, em Machico, também gritou bem alto o seu amor à Madeira, inclusive com um anel de noivado esgrimido (o ferry, prometido aos saltinhos) mas rapidamente deitado fora, logo que não conseguiu as benesses (ganhar as eleições) da noiva (os seus votos).

Debaldes foram os argumentos apresentados pela Região, pelo seu Presidente e pelos dois partidos que suportam o Governo Regional: falou-se nas mais valias para o imobiliário e para a recuperação patrimonial, falou-se da atração de massa científica inteligente e de empresas tecnológicas, lembrou-se que a Região fechou 2022 com transações no imobiliário a ascenderem aos 821 milhões de euros e que os vistos gold cativam investidores de alto rendimento.

Não, António Costa não quis saber dos argumentos da Região. Porque, a verdade é que, tal e qual a generalidade dos amantes desprezados, não gosta nem da Madeira nem dos madeirenses. E o seu PS também não!

A sua amada, a verdadeira, é Lisboa. O Porto é a “outra”…. O resto do País, não conta. E as ilhas muito menos.

Por isso, faço-lhe um pedido, senhor primeiro-ministro: deixe-se de lérias, de fantasias e de histórias de amor mal contadas. De promessas e de juras de amor. Os madeirenses não gostam de si não é por serem ingratos (como quis dar a entender, recordando algumas das medidas de apoio às ilhas), é porque têm boa memória. Nunca poderiam “amar” quem os trai, quem os discrimina, quem os defrauda todos os dias.

Uma história de desamores que deveria servir de lição ao PS da Madeira e aos seus mais insignes representantes. Mas, não! O PS de cá continua pelo beicinho com o PS de lá. Só tem olhos e ouvidos para Lisboa. Também não ama, embora diga que sim, os madeirenses. O que não é novidade. E, por isso, os constantes maus resultados socialistas ao longo dos anos.

O PS de cá, também enamorado, mas apenas de Costa, não da sua terra, também votou ao lado dos socialistas continentais, rejeitando a proposta social-democrata de prorrogação por mais nove anos dos vistos gold. O que não surpreendeu.

Ângelo Silva