Mercado imobiliário: compra de casas mais baratas, menos capital pedido à banca e taxas de juro mistas
O portal imobiliário idealista acaba de publicar um estudo com base no relatório trimestral do idealista/créditohabitação em Portugal, na qual destaca que as "famílias continuam a comprar casa em Portugal (mas fazem-no de forma diferente), compram casas mais baratas, o valor contratualizado no empréstimo da casa desce, o montante de entrada no empréstimo da casa sobe e as taxas mistas ganham peso".
No estudo divulgado nesta manhã de segunda-feira, a análise versa sobre o "crédito à habitação contratualizado em Portugal; quem são as famílias que compram casa com crédito habitação?; o crédito à habitação assinado por faixa etária; qual a relação entre rendimentos e endividamento das famílias?", resume a empresa.
"Instabilidade e incerteza passaram a ser palavras de ordem. A inflação esmagou o poder de compra dos portugueses. E quem quer comprar casa depara-se com ofertas de crédito habitação cada vez mais caras por via da subida dos juros. Mesmo perante este cenário, as famílias continuam a comprar casa em Portugal, mas fazem-no agora de forma diferente: compram habitações mais baratas e pedem menos capital emprestado aos bancos. E também começam a optar por outro tipo de taxa de juro: a taxa mista, que tem ganho terreno à taxa variável no último ano", resume o estado do mercado que é generalizado, inclusive para a Madeira, onde, ainda assim, "totalizaram-se 898 transações (2,6% do total). Foram alocados à região madeirense cerca de 195 milhões de euros no início de 2023 (2,8%)", refere.
"O atual contexto macroeconómico e financeiro tem arrefecido o negócio das casas em Portugal – é certo. O Instituto Nacional de Estatística (INE) revelou que se venderam menos casas entre janeiro e março de 2023 do que no período homólogo (-20,8%). Mas, ainda assim, foram realizadas 34.493 transações de habitações neste período, bem mais do que as registadas antes de 2017", por exemplo.
Como são os novos créditos?
O idealista salienta que "muitas destas famílias compraram casa com recurso a financiamento bancário, que muito encareceu desde 2022 até hoje dada a subida abrupta das taxas de juro. Mas, agora, estão a contratualizar créditos habitação de forma diferente, conclui o relatório trimestral sobre o mercado hipotecário, publicado pelo idealista/créditohabitação, esta segunda-feira, dia 10 de Julho de 2023". Assim, resumidamente:
- Compram casas mais baratas: o preço médio de compra de casa no segundo trimestre de 2023 foi de 208.661 euros, menos 15% face ao mesmo período de 2022 (244.646 euros). A compra de primeira habitação correspondeu ao valor médio de 219.607 euros, 5,9% inferior ao registado no mesmo período de 2022.
- Valor contratualizado no empréstimo da casa desce: o valor médio dos créditos habitação formalizados foi de 140.138 euros no segundo semestre deste ano, um valor 21% inferior ao registado um ano antes. No caso da aquisição da primeira habitação o valor médio financiado foi de 148.283 euros (desceu 17,8% num ano);
- Montante de entrada no empréstimo da casa sobe: no segundo semestre de 2023, verificou-se que a percentagem de financiamentos entre 80% e 90% do valor da casa desceu face ao mesmo período do ano passado (está em 36% enquanto o ano passado era de quase 48%). Em contraponto, as faixas de financiamento mais baixas têm ganhado terreno, o que pressupõe que as famílias avançam com mais capital de entrada para comprar casa;
- Taxas mistas ganham peso: os créditos habitação contratados a taxa mista – que combina uma taxa de juro fixa durante os primeiros anos e uma taxa variável para o restante prazo - apresentou um “crescimento significativo durante 2022”. E alcançou 25% do total de créditos habitação formalizados no segundo trimestre de 2023 (um ano antes foi de apenas 12%). Embora as taxas variáveis e indexadas à Euribor continuem a ser as mais contratadas, têm vindo a perder peso no crédito total (representaram 61% no segundo trimestre de 2023, contra 72% um ano antes).