CIA considera que guerra é "oportunidade única" para recrutar espiões na Rússia
O diretor dos serviços de informação norte-americanos CIA, William Burns, considerou hoje que o descontentamento pela guerra na Ucrânia proporcionou uma "oportunidade única" para o recrutamento de espiões na Rússia e disse que esta será aproveitada.
"O descontentamento pela guerra continuará a corroer os dirigentes russos para além da sua propaganda estatal e repressão. Essa adversidade permite uma oportunidade única numa geração para nós, para a CIA, para o nosso serviço de inteligência humano", afirmou Burns durante uma sessão no Reino Unido, informou a estação televisiva norte-americana CNN.
Em concreto, Burns referiu-se a uma recente iniciativa divulgada na popular rede social russa Telegram, que explicava aos russos como podiam contactar com a CIA de forma segura e que registou 2,5 milhões de visualizações em apenas uma semana.
"Estamos abertos aos negócios", referiu o responsável.
Burns deslocou-se recentemente à Ucrânia onde se encontrou com responsáveis dos serviços de informações locais e com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, confirmaram na sexta-feira responsáveis norte-americanos.
A viagem decorreu num momento em que as forças ucranianas prosseguem a sua contraofensiva desencadeada em junho no leste e sul do país contra as forças russas.
Na ocasião, Burns reafirmou o "compromisso americano em partilhar informações para ajudar a Ucrânia a defender-se contra a agressão russa", declarou um responsável da administração norte-americana que falou sob anonimato à agência noticiosa AFP.
De acordo com o diário The Washington Post, os dirigentes ucranianos apresentaram planos para retomar os territórios ocupados pelas forças russas e iniciar negociações até ao final do corrente ano.
Segundo o jornal, a viagem decorreu em junho.
O responsável norte-americano acrescentou que Burns "viajou à Ucrânia como o faz regularmente desde o início, há mais de um ano, desde a agressão recente da Rússia".
A deslocação ocorreu antes da rebelião de 24 horas liderada em 24 de junho pelo chefe do grupo paramilitar Wagner, Yevgeny Prigozhin, precisou o responsável.
A rebelião, considerada a mais grave ameaça desde há décadas à autoridade do Kremlin, "não constituiu assunto de discussão", afirmou a mesma fonte.
Os Estados Unidos optaram por transmitir de forma veemente à Rússia que não tiveram qualquer envolvimento na rebelião.
A maioria dos 'media' norte-americanos informaram na sexta-feira que, após o motim do Grupo Wagner, Burns telefonou a Serguei Narychkine, chefe dos serviços de informações exteriores russos (SVR), para lhe assegurar que os Estados Unidos não estavam implicados.
O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas ucranianas, Valerii Zaluzhnyi, declarou numa entrevista publicada na sexta-feira pelo The Washington Post que a escassez de armamento, em particular de aviões de combate, limitava a contraofensiva ucraniana.
Na terça-feira, os Estados Unidos anunciaram um novo pacote de 500 milhões de dólares (460 milhões de euros) em apoio à contraofensiva, uma ajuda que inclui designadamente munições para as defesas antiaéreas e veículos blindados.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).