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Cherine despede-se de Nahel e lamenta que só violência consiga alertar para impunidade policial

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Foto: Repridução Youtube Reuters

Cherine conhecia Nahel Merzouk, o rapaz de 17 anos que na terça-feira foi morto em França pela polícia, e apesar de criticar os protestos que eclodiram, considerou que são um alerta para "as repercussões" da impunidade nas forças de segurança.

No dia em que se realiza o funeral de Nahel, quase não há pessoas nas ruas de Nanterre, mas um pouco por todo o lado ainda há resquícios da violência que assolou a comunidade nos últimos dias.

O rastilho foi o homicídio de Nahel Merzouk na manhã de terça-feira.

O rapaz de 17 anos foi baleado por um polícia enquanto estava ao volante do seu automóvel, depois de alegadamente ignorar uma ordem para parar por causa de infrações das regras de trânsito.

O cheiro a borracha queimada ainda impregna algumas artérias de Nanterre e o que resta dos caixotes do lixo mistura-se agora com o alcatrão da estrada.

Os proprietários do café "Brunch & Cakes" hoje não abriram, ao contrário do último sábado.

Há vidros por todo o lado, dentro e fora do estabelecimento, e só as janelas emparedadas evitam pilhagens adicionais. Só entraram para continuar as limpezas. É tudo o que podem fazer para já, até porque a violência pode voltar às ruas, e lamentam ser um dos alvos aleatórios da violência que acompanhou as manifestações pela morte de Nahel.

As cerimónias fúnebres do rapaz de ascendência marroquina que vivia nos arredores de Paris tiveram início pelas 11:00 locais (10:00 em Lisboa) na parte mais recatada de Nanterre.

Cherine, de 19 anos, vai acompanhada de uma amiga para prestar uma última homenagem a Nahel.

Conhecia-o e à Lusa disse que está "muito triste e abalada" com o que aconteceu.

"Isto é extremamente grave e vai influenciar a maneira como as pessoas olham a partir de agora para a polícia", considerou.

Questionada sobre a violência que eclodiu depois dos protestos contra a utilização de força excessiva por parte das forças de segurança, Cherine respondeu que "não é normal", mas também defendeu que se trata de uma resposta inflamada à impunidade da polícia.

"Compreendo a revolta das pessoas que vivem aqui! A polícia tem de olhar com mais atenção para as repercussões das suas ações", comentou, visivelmente consternada.

Cherine despediu-se e continuou a caminhar pela rua, em direção à funerária, encontrando pelo caminho outras pessoas que saíram de casa hoje de manhã pela mesma razão.

No cimo da rua, familiares e amigos aguardavam, à chuva, pelo momento para prestar condolências à mãe de Nahel.