O desinteresse dos jovens pela polícia é assustador e preocupante
No mês de junho, o Grupo de Operações Especiais (GOE) da PSP, participou de forma brilhante e decisiva numa das mais exigentes e secretas competições do mundo, que nasceu em 1983, na Alemanha e, que se realiza de 4 em 4 anos, funcionando como uma espécie de olimpíadas desportivas das forças especiais de polícia a nível mundial.
Destaco que esta prova juntou equipas de 50 países e o GOE, da Unidade Especial de Polícia (UEP), ficou no pódio, particularmente num dignificante 2.º lugar. Brilhante para esta equipa da PSP, composta maioritariamente por JOVENS polícias, onde predominou a força, a exigência, a resiliência e o trabalho de equipa e principalmente a capacidade de reagir em situações extremas. Parabéns, GOE/UEP - A FORÇA da UNIDADE.
Mas, mais do que isso, o que eu pretendo, é evidenciar, refletir e chamar a atenção da nova geração de jovens portugueses acerca do seu interesse pela carreira de polícia, cujo efetivo está a ser cada vez mais reduzido, mais envelhecido, desgastado e mal remunerado.
Enquanto alguns argumentam que os jovens estão cada vez mais desinteressados nesta importante profissão, outros defendem que eles possuem um potencial transformador e podem trazer novas perspetivas para a PSP, caracterizada pela sua extrema hierarquia que promove o mérito e a competição e que organizacionalmente pode ser vista em pirâmide, com um responsável em cada cadeia de comando.
Aliás, a realidade diz-nos que nos últimos concursos para o recrutamento na PSP, sempre na ordem das 1000 vagas, em média, têm ficado abaixo dos 55% do total das vagas abertas. Isto, por si só, demonstra o desinteresse dos jovens, o que é considerado assustador e preocupante.
Fica assim claro que, existem várias razões possíveis para esse desinteresse dos jovens em ingressar nas polícias. Uma delas pode ser a baixa remuneração que nem sempre é competitiva em comparação a outras áreas de atuação, o que pode ser um fator desmotivador para os jovens que procuram estabilidade financeira e crescimento profissional, levando-os a procurar outras opções consideradas mais atrativas e gratificantes.
A realidade também diz que os jovens de hoje, os do planeta da Internet, colocam as suas mensagens na nuvem, nos parecem chegados de outra galáxia, com o DNA conservador recebido dos pais, não querem uma formação policial que se faz em regime de internato e não querem “bater com os costados” no comando de Lisboa, e pagar casa com renda superior a 600,00 euros.
Além disso, a carga de trabalho intensa, os riscos envolvidos, a imagem negativa que ganham destaque nos Media, como o homicídio de Fábio Guerra, ou então os quatro polícias da Esquadra de Alfragide que foram condenados a pagar as indemnizações a alguns dos jovens da Cova da Moura e a falta de perspetivas claras de crescimento profissional também podem contribuir para o desinteresse dos jovens pela carreira policial.
É importante destacar que este suposto desinteresse, não significa que não existam jovens dedicados e comprometidos com a segurança pública. Muitos jovens têm um senso de justiça e um desejo genuíno de servir e proteger as suas comunidades. No entanto, é fundamental abordar os fatores que contribuem para o desinteresse e criar estratégias para tornar a carreira policial mais atrativa e valorizada.
Ainda ninguém fez uma sondagem para saber o que os jovens pensam das polícias. Poderiam ter surpresas porque em uma grande maioria, para além de serem apolíticos, já que não confiam nos partidos e nas instituições, não querem saber nada de política. Para eles são todos iguais ou quase.
O que é preciso que ocorra, é um maior investimento na PSP e utilizar mais a internet e os meios de comunicação social, que são grandes aliados para chamar a atenção da juventude sobre a importância da profissão de Polícia.
Se os jovens estão conectados o tempo todo, sobretudo nas redes sociais, e o concurso publico se concentrar nesse ambiente digital, então é de se esperar uma maior participação, certo? As plataformas repercutem rapidamente as notícias e espalham a informação dos concursos com uma comunicação mais direta, baseando-se inclusive no fenómeno mais recente das “lives”, que aumentou exponencialmente durante a quarentena.