Sermos ainda melhores
Infelizmente temos aprendido pouco com os bons hábitos de outras regiões
Neste dia 10 de Junho, dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, convido-vos a um olhar sobre o todo nacional, com a pluralidade nos hábitos e costumes, na gastronomia, na economia, nas especificidades de cada território, de norte a sul, sem esquecer o interior e ilhas.
É esta a visão ou preocupação que um político ou um deputado da nação tem e deve ter sempre presente no seu trabalho diário, quando inicia um debate ou legisla, uma preocupação que deverá levar a uma discussão justa e equitativa, adotando leis iguais para o que é igual, e diferenciar o que é diferente e onde há maior vulnerabilidade.
Recentemente tive a oportunidade de visitar a Região Autónoma dos Açores, através da Comissão do Trabalho, Segurança Social e Inclusão. Foram vários dias numa agenda intensa, de forma a reunirmos e visitarmos o maior número possível de organizações e instituições, desde o Conselho Económico Social, a Câmara do Comércio e Indústria, Sindicatos, a Cáritas Diocesana, Casa de Saúde, Casas da Misericórdia, Instituições de apoio e solidariedade social, não esquecendo o contacto com várias entidades com responsabilidade política, como a Presidência do Governo Regional e a Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, para um balanço das medidas nacionais com impacto nesta Região.
Só assim faz sentido, estar no terreno com proximidade, ouvir todos aqueles que de forma direta ou indireta sofrem impacto com o que é decretado na Assembleia da República, fruto do nosso trabalho parlamentar. E as Regiões Autónomas, dada a sua especificidade ainda o sentem de diferente forma. Não esqueço as palavras de alguém que me acompanhava nesta visita, e que acolhi com carinho, que dizia “e vos ouvia (aos ilhéus) sobre as vossas solicitações, mas realmente sentir no terreno é diferente, tenho agora um entendimento melhor sobre essas necessidades”.
Na Região Autónoma da Madeira, quando cá nos visitam como turistas, quando desfrutam das nossas praias, dos nossos hotéis, não sentem a pobreza, a perda de poder de compra, a falta de oportunidades no mercado de trabalho, em especial para os mais jovens, a desmotivação destes na progressão dos seus estudos que os leva ao abandono escolar, e as listas de espera para consulta de especialidade.
E neste Dia das Comunidades, os nossos emigrantes que em muito nos enriquecem nos hábitos e costumes, na língua e na economia, qual o futuro que lhes reservamos? Que agora regressam para viver a sua velhice junto das suas famílias e conhecidos, depois de uma vida de trabalho duro além-mar. Espero que na Madeira deixemos de tratar os nossos emigrantes e regressados como mais uma arma de arremesso político, como faz o Governo Regional. Infelizmente temos aprendido pouco com os bons hábitos de outras regiões.