Marcelo acompanha estado de português que ajudou a impedir fuga do atacante em Annecy
O Presidente da República disse hoje estar a acompanhar o estado de saúde do português que ajudou a impedir um atacante de fugir à polícia no parque infantil em Annecy, nos Alpes franceses, na quinta-feira.
"Está estável, felizmente", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações aos jornalistas, enquanto bebia um copo de vinho tinto num restaurante em Peso da Régua.
O chefe de Estado disse ter tido conhecimento do caso durante a viagem de avião entre a África do Sul e Portugal, que este ano partilham as comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
"Precisamente porque se quis interpor entre o atacante e uma vítima, acabou por ser atingido do lado da intervenção policial e do atacante (...) Já se tem mais ou menos informações sobre ele, mas ainda se está a recolher mais informação", acrescentou.
Marcelo Rebelo de Sousa, que antecipou a chegada ao Peso da Régua, afirmou ainda que a visita do Presidente francês, Emmanuel Macron, ao cidadão português envolvido no ataque mostra que "ele sabe o que deve aos portugueses em França".
Numa nota divulgada, o Ministério dos Negócios Estrangeiros afirma hoje que o cidadão português ficou gravemente ferido, mas já está fora de perigo de vida.
"No decurso do trágico acontecimento, um cidadão português, ao tentar impedir o atacante de fugir da polícia, ficou gravemente ferido, estando neste momento já fora de perigo", lê-se na nota, na qual se acrescenta que é devida, "pelo ato de coragem e bravura, uma palavra de profundo agradecimento".
Na quinta-feira, um agressor com uma faca feriu seis pessoas -- incluindo quatro crianças pequenas -- num parque na cidade de Annecy, nos Alpes Franceses, tendo sido detido após o ataque, informou o Ministério da Administração Interna francês.
O ataque provocou uma avalancha de reações no mundo político, com parlamentares de direita e de extrema-direita a destacarem a origem e o estatuto do agressor, um refugiado sírio de 31 anos.
As motivações do agressor ainda não foram esclarecidas e o ataque não tem um "motivo terrorista aparente", de acordo com a procuradoria francesa.
O agressor, Abdelmasih H., está sob custódia das autoridades policiais e hoje será submetido a um exame psiquiátrico.
Em alguns dos vídeos que circulam na internet, ouve-se o agressor a gritar "em nome de Jesus Cristo" enquanto realizava o ataque.
O atacante usava um crucifixo e entre os seus pertences estava um livro de orações. Declarou-se cristão quando pediu asilo.
Há dez anos obteve o estatuto de refugiado na Suécia, onde se casou e tem um filho com uma mulher de quem se separou no ano passado.
Desde o final de 2022 está em França onde pediu asilo, mas não tem morada fixa.
A resposta ao pedido de asilo, que foi negativa, chegou-lhe no passado domingo, ou seja, poucos dias antes do ataque no parque em Annecy, como sublinharam as autoridades francesas.