Português que ajudou a impedir fuga do atacante em Annecy está livre de perigo
O cidadão português que ajudou a impedir o atacante de fugir à polícia no parque infantil de Annecy, nos Alpes franceses, ficou gravemente ferido mas está fora de perigo de vida, disse hoje o Governo.
"No decurso do trágico acontecimento, um cidadão português, ao tentar impedir o atacante de fugir da polícia, ficou gravemente ferido, estando neste momento já fora de perigo", lê-se numa nota hoje divulgada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, na qual se acrescenta que é devida, "pelo ato de coragem e bravura, uma palavra de profundo agradecimento".
No comunicado, "o Governo português lamenta o incidente, que envolveu um ataque com faca, ocorrido ontem num parque infantil de Annecy, nos Alpes franceses, manifestando toda a solidariedade às crianças e adultos feridos, bem como às suas famílias".
No consulado-geral de Portugal em Lyon está "a ser feito todo o acompanhamento da situação, junto das autoridades locais e do hospital, bem como prestado todo o apoio necessário a este cidadão", lê-se ainda na nota.
Na quinta-feira, um agressor com uma faca feriu seis pessoas -- incluindo quatro crianças pequenas -- num parque na cidade de Annecy, nos Alpes Franceses, tendo sido detido após o ataque, informou o Ministério da Administração Interna francês.
O ataque provocou uma avalancha de reações no mundo político, com parlamentares de direita e de extrema-direita a destacarem a origem e o estatuto do agressor, um refugiado sírio de 31 anos.
"Repostas terão de ser dadas (...). Mas não entendo, quando estamos num momento de emoção, quando há crianças em blocos de cirurgia, que uns e outros entrem num jogo nada saudável de explicações e justificativas. Não é hora de se fazer isso", alertou Olivier Véran.
"Precisamos de transparência, é óbvio, e devemos fazer de tudo para que este tipo de tragédia não volte a acontecer. Mas primeiro temos de fazer todo este trabalho preliminar" de investigação, acrescentou.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, é esperado hoje na cidade de Annecy.
As motivações do agressor ainda não foram esclarecidas e o ataque não tem um "motivo terrorista aparente", de acordo com a procuradoria francesa.
"Não é uma deslocação para gerar polémica", sublinhou o porta-voz do Governo, assinalando que Macron vai a Annecy para visitar as vítimas e as suas famílias, bem como os agentes e os serviços de emergência que intervieram no local do ataque.
O agressor, Abdelmasih H., está sob custódia das autoridades policiais e hoje será submetido a um exame psiquiátrico.
Em alguns dos vídeos que circulam na internet, ouve-se o agressor a gritar "em nome de Jesus Cristo" enquanto realizava o ataque.
O atacante usava um crucifixo e entre os seus pertences estava um livro de orações. Declarou-se cristão quando pediu asilo.
Há dez anos obteve o estatuto de refugiado na Suécia, onde se casou e tem um filho com uma mulher de quem se separou no ano passado.
Desde o final de 2022 está em França onde pediu asilo, mas não tem morada fixa.
A resposta ao pedido de asilo, que foi negativa, chegou-lhe no passado domingo, ou seja, poucos dias antes do ataque no parque em Annecy, como sublinharam as autoridades francesas.