Descontentamento após retirada da classificativa da Boaventura do Rali Vinho Madeira 2023
Em São Vicente há quem não concorde com a decisão. É o caso do vice-presidente da Câmara de São Vicente
Após o anúncio recente da retirada da classificativa da Boaventura do Rali Vinho Madeira de 2023, por razões de segurança, conforme avançou a organização à RTP-M, tem vindo a aumentar o descontentamento com esta decisão, com epicentro em São Vicente.
Uma das pessoas que veio publicamente comentar o assunto é Fernando Góis, que é mais do que um simples residente de São Vicente, já que é o vice-presidente da Câmara Municipal. Embora os comentários produzidos sobre o assunto, mais em género de questões, sejam a título pessoal na sua página de Facebook, não se pode dissociar a pessoa do cargo.
Ainda ponderei se deveria manifestar a minha opinião sobre este assunto... mas relembrando que “quem cala consente” não poderia fingir que não é nada comigo... que não é nada com a terra onde vivo e que sobretudo não é nada com a população do meu concelho. Fernando Góis
Na prática, o responsável levanta uma série de dúvidas que pretende que fossem esclarecidas: "Gostaria que alguém me respondesse honestamente a uma série de questões que ficaram por responder e afirmar que ao dizer que não se realiza por questões de segurança não chega..., então se existe “questões” com certeza não serão de segurança!".
Questão 1
"O que alterou do ano passado para este ano, que aumentasse a perigosidade desta classificativa para pilotos; espectadores; organização ou que ponha em causa a efetiva segurança da mesma?"
Questão 2
"Quantos e quais foram os acidentes que a causa tenha sido hipotéticas deficiências ou resultantes da perigosidade da própria classificativa?"
Questão 3
"Quantos acidentes já existiram nesta classificativa em que os restantes concorrentes tivessem de fazer o percurso alternativo (via Ribeira-Brava)?"
Questão 4
"A existir um acidente, depois da intervenção dos meios de socorro, não poderão os restantes concorrentes passar em caravana e fazer a ligação à classificativa de Santana?"
Questão 5
"Se do acidente resultar que não é possível passar em troço de ligação para Santana e ter de se efetuar o percurso alternativo, quanto tempo irá atrasar a Etapa desse dia?"
No entender de Fernando Góis, "o que alegadamente está em causa é o percurso alternativo em caso de acidente, que impeça os restantes concorrentes de passarem e terem de voltar atras (via Ribeira – Brava – Funchal - Santana) para fazerem a classificativa de Santana, o que iria atrasar significativamente o que resta da etapa em causa, portanto nada tem a ver com segurança da própria classificativa... se existir um acidente (situação que pode acontecer em qualquer classificativa e é um risco presente neste tipo de modalidade) não está em causa o acesso de todos os meios de socorro, mas sim a dúvida de se conseguir passar para Santana através da Boaventura ou fazer o percurso alternativo".
Efeitos colaterais foram ou não atendidos? A economia vai ou não ressentir-se?
Veja-se o que escreve sobre mais este assunto que promete dar que falar.
Quanto aos efeitos “colaterais” desta decisão (que penso não foram tidos em conta), embora possam dizer que sim, refugiando-se na palavra “segurança” (palavra forte e que deve ser respeitada), só quem conhece o lado de “fora do rali” sabe que muitos dos comerciantes consideram as escassas horas em que se “respira” rali, são a almofada financeira que estes necessitam para o resto do ano, sendo mesmo em alguns casos o melhor dia do ano no que respeita a vendas. Fernando Góis
O responsável termina a sua opinião pública deixando um aspecto absolutamente claro: "Esta classificativa é demasiado importante, não só para a freguesia da Boaventura e para o concelho de São Vicente mas para toda a Região Autónoma da Madeira, uma vez que dela resulta das mais belas imagens de promoção deste Grande Evento sendo também aclamada por imensas equipas que participam ou já participaram no RVM".
E conclui algo que merece uma reflexão: "Com este tipo de decisões só se agrava, pouco a pouco, os problemas estruturais que o povo do norte enfrenta e contraria no seu dia a dia...".