Confesso a minha incredulidade ao ter assistido à declaração política do Partido Socialista na Sessão Plenária do passado dia 25 de maio que, pela voz do Sr. deputado Miguel Iglésias, eleito pelo PS Madeira para a Assembleia da República, decidiu abordar o tema da Região Autónoma da Madeira numa narrativa que, pretendendo denegrir a governação Social Democrata na Região, enxovalhou todos os madeirenses que legitimamente têm apoiado e eleito este partido para a liderança do Governo Regional.

Fiquei incrédula, mas não fui a única e, felizmente, todos os restantes partidos apressaram-se a desmascarar tal posição.

Fiquei incrédula por ter sido um deputado do Partido Socialista que governa o País há 8 anos e que governou Portugal em 21 dos últimos 28 anos de democracia, que tem levado a um assinalável empobrecimento dos portugueses, a uma degradação dos serviços públicos nomeadamente na saúde, educação, justiça, habitação e transportes e a um descrédito total das instituições da República Portuguesa e que, como defendem uma larga maioria dos portugueses, já devia ter levado a demissões no Governo da República.

Fiquei incrédula quando se ataca a liderança social-democrata na Região Autónoma da Madeira que, com a sua capacidade de ação, de visão, de resiliência e de persistência perante diversas situações mais adversas, por exemplo políticas, económicas e climatéricas, levou, indubitavelmente, a um grande progresso social, económico, educacional e cultural. Um facto que é reconhecido por muitos. Por muitos mesmo. Para citar apenas os mais recentes a nível nacional, destaco o Sr. Dr. Álvaro Beleza, um conhecido militante socialista, que na sua visita à Madeira em março último referiu, e passo a citar: “o trabalho do Governo (Regional) é absolutamente extraordinário”, o Sr. Dr. Paulo Portas, o Sr. Dr. Luís Marques Mendes, o Sr. Dr. Luis Montenegro e o Sr. Professor Doutor Joaquim Miranda Sarmento.

Se dúvidas houver é pensar no que era a Madeira há 50 anos e no que ela se tornou hoje…

Admitindo de antemão que nem tudo é perfeito, porque nunca o é, temos de reconhecer que a governação do PSD na Madeira é um caso de sucesso e que contrasta em muito com os resultados em Portugal Continental que o Sr. deputado pretendeu omitir.

Senão vejamos:

Segundo as estatísticas, nos últimos 10 anos saíram de Portugal 1 milhão de portugueses, o que corresponde a 10% da população, bem mais dos 7% que o Sr. deputado referiu terem saído da Madeira. O PS Madeira quer mesmo falar isoladamente dos números da Região?

O Serviço Nacional de Saúde, através do seu Presidente Fernando Araújo, refere que as listas de espera no continente continuam a crescer e que a procura tem aumentado a um ritmo de 20%. O PS Madeira quer mesmo falar isoladamente dos números da Região?

Na habitação, o desastre socialista é enorme e ainda ontem em entrevista a um órgão de comunicação social, a Sra. Ministra da Habitação, Dra. Marina Gonçalves diz que PS, que governa desde 2015, tem responsabilidade na falta de oferta pública de casas e que o parque habitacional público de Portugal é dos mais baixos da Europa, com 2%, face à média europeia de 12% e que compara com países que chegam aos 20% e 30%, como a Holanda. O PS Madeira quer mesmo falar isoladamente dos números da Região?

Em termos de arrecadação fiscal, Portugal registou em 2022 a maior carga fiscal de sempre, 36,4% do Produto Interno Bruto (PIB) e, segundo a OCDE, e numa análise a 38 países, “Portugal tem a 10.ª maior carga fiscal sobre o trabalho” e que, pela terceira vez consecutiva, a percentagem de IRS e contribuições sociais sobre o valor trabalho voltou a aumentar “chegando aos 41,8% entre trabalhadores solteiros sem filhos”. O PS Madeira quer mesmo falar isoladamente dos números da Região?

Sobre nomeações, na comunicação social, foi manchete que o “Governo de Costa já fez 3.282 nomeações, média de duas por dia” e que “das 119 empresas públicas (investigadas) quase 50% têm administradores do PS”. O PS Madeira quer mesmo falar isoladamente dos números da Região?

No que concerne ao poder de compra, foi do conhecimento público que o Produto Interno Bruto per capita em Portugal, expresso em paridades de poder de compra, aumentou em 2022, mas continua aquém da média europeia e que a Roménia “já teria apanhado” Portugal bem como que, segundo um estudo com referência a 2021 que envolve as Regiões Ultraperiféricas da Europa, os valores do Produto Interno Bruto per capita, em percentagem relativamente à média europeia, tinha a liderança da Martinica (72%) seguido imediatamente pela Madeira (70%). O PS Madeira quer mesmo falar isoladamente dos números da Região?

Bem sei que este ano é ano de eleições legislativas regionais e que por isso o PS Madeira precisa de fazer tudo para evitar uma humilhação, mas também acho que não pode valer tudo. O que fizeram não é bonito nem sério, mas a avaliação ficará para o povo Madeirense e Porto-Santense que em setembro, com a sua sabedoria e por via do voto nas urnas, dará a devida resposta ao Sr. Deputado eleito pelo PS Madeira.