Mike Pence lança campanha às primárias republicanas com ataque direto a Trump
O ex-vice-presidente norte-americano Mike Pence arrancou hoje com a sua campanha para as presidenciais de 2024 com um ataque direto ao antigo chefe de Estado Donald Trump, seu rival nas primárias republicanas.
"Não acho que alguém que se coloque acima da Constituição deva ser Presidente dos Estados Unidos, e ninguém que peça a alguém que se coloque acima da Constituição deva ser Presidente dos Estados Unidos", disse Pence no seu primeiro comício de campanha, no estado do Iowa.
No seu discurso, o ex-vice-presidente deixou claro que se quer distanciar de Trump, candidato favorito a conquistar a indicação republicana para 2024 - segundo as sondagens - e de quem Pence se afastou após o ataque ao Capitólio de 06 de janeiro de 2021.
Nesse sentido, Pence apresentou-se como o candidato que fará o Partido Republicano cumprir a Carta Magna, em contraposição a Trump.
O ex-vice-presidente recordou os dramáticos acontecimentos de 06 de janeiro, quando o então chefe de Estado o instou a suspender a certificação da vitória eleitoral do democrata Joe Biden.
"06 de janeiro foi um dia trágico na vida da nossa nação, mas graças à coragem das forças de segurança a violência foi reprimida e voltamos a reunir-nos no Congresso naquele mesmo dia para concluir o trabalho do povo norte-americano sob a Constituição dos Estados Unidos", lembrou Pence, que chegou a ter a sua morte desejada por apoiantes de Trump naquele dia.
"Como já disse muitas vezes, naquele dia fatídico as palavras de Trump foram imprudentes, colocaram em perigo a minha família e o mundo inteiro", acrescentou.
Naquele dia, milhares de apoiantes de Trump invadiram o Capitólio norte-americano enquanto o Congresso se reunia para certificar a vitória de Biden, após terem sido incitados pelo magnata a marchar até à sede do poder legislativo.
Pence disse que o povo norte-americano "merece saber" que Trump pediu que escolhessem entre si e a Constituição, e agora "os eleitores enfrentam a mesma escolha".
Mike Pence advogou então que o Partido Republicano "deveria ser o Partido da Constituição dos Estados Unidos".
"Devemos defender a Constituição para proteger o direito à vida dado por Deus, para proteger o direito de manter e portar armas, para proteger o direito de viver, trabalhar, rezar, de acordo com os ditames da nossa fé e consciência", incentivou o político conservador.
Ao longo do seu discurso, Pence, um homem de profundas convicções religiosas cristãs - o que lhe pode valer votos dos eleitores evangélicos - fez inúmeras referências à Bíblia, à oração e à religião.
"Sou cristão, conservador e republicano, nessa ordem", definiu-se.
Aliás, em mais uma tentativa de se distanciar de Trump, Pence falou sobre a questão do aborto e mencionou que, quando o ex-presidente concorreu pela primeira vez à Casa Branca, em 2016, prometeu governar como conservador, mas que acabou por ter o "Governo mais pró-vida da história dos Estados Unidos".
Pence sublinhou que é alguém que vai defender sempre "a santidade da vida", contra candidatos como Trump, que, na sua opinião, veem esta questão como "um incómodo".
Já num alinhamento com os demais candidatos republicanos, Pence criticou a gestão de Joe Biden e apontou que o país está "irreconhecível" após os últimos dois anos de Governo democrata.
O antigo vice-presidente traçou um quadro sombrio do país, com "crises por toda parte", atribuindo os problemas na fronteira, a inflação e o aumento da criminalidade ao executivo democrata.
Portanto, justificou a sua candidatura com a vontade de devolver o país à prosperidade do passado.
Pence foi o último republicano a lançar oficialmente a sua campanha, depois de 11 outros candidatos o terem feito, entre os quais se destacam Trump e o governador da Florida, Ron DeSantis, como favoritos.
Outros conservadores que aspiram à Presidência incluem o governador de Dakota do Norte, Doug Burgum; a ex-embaixadora dos Estados Unidos na ONU Nikki Haley; o ex-governador do Arkansas Asa Hutchinson; o ex-governador de Nova Jérsia Chris Christie; e o senador da Carolina do Sul Tim Scott.
Também os empresários Vivek Ramaswamy, Ryan Binkley e Perry Johnson apresentaram as suas candidaturas, assim como o radialista Larry Elder.