"Alguém está a mentir", disse Paulo Raimundo sobre comunicação ao SIS
O líder do PCP considerou hoje que "alguém está a mentir" quanto à comunicação às "secretas" de um computador levado do Ministério das Infraestruturas ao comentar as declarações do secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro sobre o caso.
"Acho que seria um bocadinho exagerado dizer que as incongruências foram do senhor secretário de Estado. Há incongruências na história, isso não há dúvida nenhuma. Alguém está a mentir, não há nenhuma dúvida sobre isso", afirmou Paulo Raimundo, em Leiria, após ter-se reunido com o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa e bispo de Leiria-Fátima, José Ornelas.
Ressalvando que não viu a prestação de Mendonça Mendes, Paulo Raimundo reiterou que "alguém está a mentir e quem estiver a mentir não tem condições, naturalmente, para continuar a mentir aos portugueses".
Paulo Raimundo defendeu ainda que "era tão bom que o país se livrasse, rapidamente, dessas aparentes polémicas e problemas", para se concentrar no que é "fundamental, resolver o problema das pessoas".
Na terça-feira, o secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, Mendonça Mendes, confirmou ter falado com o ministro João Galamba na noite de 26 de abril, mas rejeitou qualquer causalidade entre esse telefonema e o reporte aos serviços de informação do computador levado do Ministério das Infraestruturas.
"Eu confirmo que o senhor ministro das Infraestruturas me telefonou na noite de 26 de abril para me relatar os acontecimentos no Ministério das Infraestruturas", declarou António Mendonça Mendes no parlamento, no âmbito de uma audição, requerida com caráter obrigatório pela Iniciativa Liberal, sobre a "sua intervenção no contexto da recuperação pelo SIS" do computador de serviço de Frederico Pinheiro, ex-adjunto de João Galamba.
Paulo Raimundo acrescentou que é "uma história extraordinária" a questão dos 55 milhões de euros pagos ao ex-acionista da TAP David Neeleman para sair da companhia, após ser questionado sobre o ex-ministro Pedro Nuno Santos, que na terça-feira foi ouvido no parlamento, na comissão de Economia.
"Nós tivemos duas pessoas que compraram a TAP com o dinheiro da TAP e ainda levaram 55 milhões para casa. Esse é um negócio extraordinário. É por isso e por outras que a TAP está como está, por ter tido 20 anos de gestão de uma empresa pública, na prática, com uma gestão privada", destacou, reafirmando que o partido está em "profundo desacordo" que a maior exportadora nacional seja entregue aos privados.
"Esse é um crime político e económico que tem responsáveis, neste caso em concreto, Pedro Nuno Santos, pelos vistos, é um responsável e um entusiasta desse crime económico", comentou.
O ex-ministro das Infraestruturas Pedro Nuno Santos afirmou na terça-feira que os 55 milhões de euros pagos ao ex-acionista da TAP David Neeleman para sair da companhia foram "ponto de encontro" entre as partes em desacordo, para evitar litigância.
"Os 55 milhões de euros são resultado de uma negociação, [...] foi o ponto de encontro entre duas partes que, de facto, não tinham um acordo", afirmou Pedro Nuno Santos, acrescentando que "a referência para o Estado foi o que se entendeu como risco de litigância".