Ventura pede a Marcelo para dizer ao Governo o que tem de fazer para aproveitar PRR
O presidente do Chega pediu hoje, em Santarém, ao Presidente da República que, "se não quer dissolver o parlamento ou demitir o Governo, pode ao menos dizer ao Governo o que tem que fazer" para aproveitar o PRR.
André Ventura, que falava aos jornalistas no início de uma visita à Feira Nacional da Agricultura, que decorre até domingo no Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA), em Santarém, afirmou que o Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) tem sido "a grande defesa, o grande escudo do Governo", levando a que Marcelo Rebelo de Sousa "não tome decisões" de dissolução da Assembleia da República ou demissão do Governo.
"Marcelo Rebelo de Sousa tem dito que a execução do PRR é decisiva, é estratégica, é crítica para Portugal, para os desafios estratégicos que enfrentamos. Já vimos que o Governo não quer olhar para esse desafio crítico. Então tem de ser o Presidente da República a dizer que tem de olhar para esse desafio crítico", declarou.
Afirmando que a execução do PRR "tem sido uma tragédia para a agricultura", por ser "provavelmente a maior oportunidade perdida em décadas", André Ventura considerou que o Governo podia ter aproveitado nos recursos hídricos as "centenas de milhões de euros" que existem para serem distribuídos, face ao "grande problema da água" que está a levar ao abandono da agricultura e ao seu empobrecimento.
"O Governo optou por não o fazer", disse, acusando a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes de nada fazer pelo setor.
"Arrisco-me a dizer que a ministra da Agricultura é o maior falhanço deste Governo, porque de facto tinha tudo nas mãos para mudar alguma coisa e decidiu não mudar absolutamente nada", afirmou, desafiando Maria do Céu Antunes a, mesmo não tendo sido convidada, visitar a Feira de Santarém para perceber "o mal que estão a fazer a Portugal".
Ventura lembrou que o seu partido, a exemplo de organizações representativas do setor, como a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), propôs que parte do valor do PRR fosse investido na agricultura, em particular no aproveitamento da água, tendo a resposta sido "absolutamente nenhuma".
"É, por isso, talvez, a maior oportunidade perdida que estamos a ter", afirmou.
Acusando o Governo de funcionar "à base da mentira, da sobrevivência pura, do instinto de sobrevivência", exemplificando com os depoimentos que têm sido prestados na Assembleia da República no âmbito do caso TAP, o líder do Chega acusou António Costa de já não estar a governar, mas a "fazer campanha eleitoral" e, disse, "isso está a ser trágico para o país".