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Freguesia açoriana da Ribeira Quente esteve 15 horas isolada devido a derrocada

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Foto RTP Açores

A única estrada de acesso à Ribeira Quente, na ilha de São Miguel, nos Açores, esteve cortada ao trânsito cerca de 15 horas, devido a uma derrocada, obrigando 50 pessoas a pernoitar num centro social.

"Tivemos um grupo de aproximadamente 50 pessoas que pernoitou no Centro Social das Furnas", revelou, em declarações à Lusa, o presidente da Junta de Freguesia da Ribeira Quente, Rúben Melo.

A estrada ficou obstruída por volta das 15:20 (16:20 em Lisboa) de terça-feira, na sequência de uma derrocada de grandes dimensões, e só foi reaberta ao trânsito pelas 06:20 de hoje.

Ainda assim, os trabalhos de limpeza prosseguem no local e o trânsito foi vedado a autocarros.

"Está transitável, mas com todos os cuidados e muita prudência, porque ainda há muito trabalho para fazer durante o dia de hoje, amanhã e nos dias seguintes. Foi efetivamente uma enorme derrocada e, por isso mesmo, por precaução, as entidades competentes acharam por bem não efetuar o serviço de autocarros, no mínimo, no dia de hoje", adiantou Rúben Melo.

Além das 50 pessoas que pernoitaram no Centro Social das Furnas, um grupo de sete crianças, que também não conseguiu regressar a casa, ficou na escola, acompanhado por duas professoras.

O presidente da junta de freguesia e o presidente da Câmara Municipal da Povoação passaram a noite com a população no centro social, onde se sentiu alguma ansiedade.  

"As pessoas inicialmente, obviamente, estavam um pouco ansiosas. Deixaram os seus familiares, muitas delas os seus filhos, nas suas casas e estavam ansiosas por vê-los e abraçá-los", contou Rúben Melo, acrescentando que ao longo da noite "as pessoas foram ficando mais calmas".

Todos já regressaram a casa, mas a maioria não dormiu e não foi trabalhar hoje.

Em 1997, 29 pessoas morreram soterradas na Ribeira Quente, na sequência de derrocadas, que são sempre recordadas quando o mau tempo afetada a freguesia.

"Quando acontece esse tipo de intempéries, é inevitável que as pessoas recordem o que se passou aqui na freguesia. Algumas conseguem manter mais a calma, outras nem tanto, mas este medo aparece sempre nessas alturas", admitiu o autarca.

Nestas situações, revelou, a população apoia-se "como uma grande família" e, por vezes, "um simples abraço é suficiente para acalmar" quem se sente mais ansioso.

As derrocadas no acesso à Ribeira Quente são frequentes, ainda que nos últimos anos, devido a uma intervenção no local, tenham diminuído.

Rúben Melo insistiu, no entanto, na necessidade de um acesso alternativo à freguesia, onde residem cerca de 700 pessoas, que é reivindicado pela junta "há muitos anos".

"Estamos satisfeitos por estarem a intervir nesta via, porque realmente era uma necessidade e esperamos que no final das obras a estrada fique mais segura e ofereça mais conforto às pessoas, mas isto por si só não resolve todos os problemas. E a prova disto é o que aconteceu esta noite. A estrada alternativa é uma urgência para a nossa freguesia", apontou.

O Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores (SRPCBA) registou 59 ocorrências na ilha de São Miguel, na terça-feira, na sequência da passagem da depressão Óscar.

A resolução das ocorrências envolveu bombeiros, Direção Regional das Obras Públicas, Serviços Municipais de Proteção Civil, Polícia de Segurança Pública, a elétrica EDA e operadoras de comunicações, sob a coordenação do SRPCBA.