APSI e GNR lançam Campanha de Prevenção de Afogamentos
Entre 2002 e 2021 ocorreram 286 afogamentos com desfecho fatal em crianças e jovens
Entre 2002 e 2021 ocorreram 286 afogamentos com desfecho fatal em crianças e jovens. Para além das mortes por afogamento verificadas, existem ainda a registar 629 internamentos na sequência de um afogamento, o que significa que, por cada criança que morre, aproximadamente 2 são internadas (total dos 20 anos).
O número médio de mortes por afogamento diminuiu nas últimas duas décadas de 27 (média/ano 2002-2004) para 16,5 (média/ano 2005-2010) e mais recentemente, nos últimos 11 anos, para 9,6.
O mesmo aconteceu com o número de internamentos que reduziu de 48,7 (média/ano 2002-2004) para 39,5, no período entre 2005-2010 (média/ano), e para 22,4 nos últimos 11 anos (média/ano 2011-2021). De salientar que, nos últimos 6 anos, este número voltou a decrescer (média/ano entre 2016-2021 foi de 12,5), ainda que não seja claro se a alteração de codificação (da CID 9 para a CID 10) a partir de 2017 terá tido alguma influência nesse facto.
Apesar desta redução significativa ao longos dos anos, é de notar que em 2020 e 2021 o nº de mortes por afogamento em crianças foi excecionalmente alto (14 e 12 respetivamente) quando comparado com o triénio anterior (7,3 média/ano 2017-2019). Desde 2016 que o número de mortes era abaixo das dezenas.
Nestes últimos 2 anos, morreram por afogamento 9 crianças até aos 4 anos, 6 adolescentes entre os 10 e os 14 anos e 11 jovens entre os 15 e os 19 anos.
Se considerarmos os últimos 10 anos, o maior número de mortes por afogamento ocorre na faixa etária dos 15 aos 19 anos e o maior número de internamentos na faixa etária dos 0 aos 4 anos.
De uma maneira geral, os afogamentos verificam-se mais até aos 4 anos de idade. Por cada criança que morre nesta faixa etária, 4 são internadas.
A campanha
Após ler estes dados, fique a saber que a Associação para a Promoção da Segurança Infantil (APSI) e a Guarda Nacional Republicana (GNR) lançam conjuntamente, e pelo segundo ano consecutivo, a Campanha de Prevenção de Afogamentos.
O objetivo é sensibilizar as pessoas para este problema de saúde pública e dar-lhes a informação certa para que possam proteger as suas crianças. A campanha “A morte por afogamento é silenciosa e rápida” arranca no dia 3 de Julho e decorre até ao dia 30 de Setembro.
De acordo com a OMS, em muitos países do mundo os afogamentos estão entre as primeiras 5 causas de morte, entre os 12 meses e os 14 anos. Em Portugal, os afogamentos são a segunda causa de morte acidental em crianças e jovens. Ainda que nos últimos 20 anos os casos de afogamento de crianças e jovens tenham vindo a diminuir, é importante olhar para além dos números. Cada uma destas mortes, é uma família que ficou para sempre incompleta ou uma criança que se perdeu ou ficou com sequelas neurológicas graves e com pouca qualidade de vida.
Segundo os últimos dados disponíveis, de 2020 e 2021 do INE, houve um total de 14 e 12 mortes, respetivamente, em crianças e jovens por afogamento o que demonstra um aumento relativamente aos anos transatos. Face a este cenário a APSI e a GNR decidiram voltar a unir esforços, por forma a sensibilizar as famílias para a importância dos cuidados de segurança a respeitar junto da água, nomeadamente nas praias, rios, barragens, piscinas ou tanques.
É crucial que as piscinas não vigiadas, os tanques e os seus acessos estejam 'vedados' para atrasar ou impedir o contacto da criança com a água sem a supervisão de um adulto. Segundo a OMS, esta é a medida mais eficaz para prevenir o afogamento de crianças pequenas. A utilização de equipamentos de flutuação – auxiliares de flutuação por crianças que ainda não sabem nadar bem e coletes salva-vidas nas atividades náuticas – assim como a aprendizagem, por crianças e adultos, de competências aquáticas, nomeadamente, de suporte básico de vida é também fundamental. No entanto, nenhuma destas medidas substitui a vigilância permanente de um adulto.
Renovando a parceria, a APSI e a GNR têm como missão contribuir para que não haja afogamentos de crianças e jovens em Portugal - aliando a experiência de mais de 20 anos da APSI a realizar Campanhas de Prevenção de Afogamentos de Crianças e Jovens à dispersão territorial da GNR e à proximidade com o cidadão em todo o território nacional.