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Imaginem se o PS não gostasse da Madeira!

De facto, esse “gostar” não nos serve e é por isso que não é, nunca foi nem será correspondido

Da curta, discreta e pouco efusiva passagem pela Madeira, do Primeiro-Ministro e Secretário-geral do PS, António Costa – completamente despida da euforia e dos saltos de outros tempos e de outras viagens em campanha ou pré-campanha eleitoral – há uma estranha frase que fica e que de certa forma, é questionável e dá que pensar: é que afinal, segundo garante, o “PS gosta da Madeira”.

Mas, já agora, gosta em que sentido?

É que, à primeira vista e à luz daquela que tem sido a postura e a falta de compromisso do Governo Socialista da República para com a Madeira e para com todos os Madeirenses, nos últimos sete anos, esta “declaração de amor”, feita por quem, em última instância, é responsável por essa mesma postura, parece-me totalmente despropositada e nem sequer chega a roçar a demagogia, dada a sua desfaçatez.

Penso que será caso para perguntar o que seria de nós, Madeirenses, se o PS não gostasse da Madeira!

Ou, quiçá, ir mais a fundo, com ou sem ironia, para tentar perceber se, afinal, o Primeiro-Ministro e Secretário-geral do PS sabia mesmo que estava a falar para nós, Madeirenses.

Para todos aqueles que têm sido, não raras vezes, tratados pelo Estado como Portugueses de segunda. Para os que foram por si esquecidos durante a pandemia. Para todos os que, no seu dia-a-dia, são excluídos do acesso a medidas e programas nacionais, sejam ou não de carácter excecional, cuja aplicação se fica apenas pelo retângulo.

Estaria o Primeiro-Ministro e Secretário-geral do PS a falar para nós, que somos diariamente prejudicados nos nossos direitos constitucionais? Ou para aqueles que sabem que, tanto em matéria de apoios, de medidas ou mesmo de obras fundamentais como é o caso do novo Hospital, nada teria acontecido ou avançado se não fosse graças ao Governo Regional e não ao seu Governo ou ao seu Partido?

Também importa saber, já agora, se esse “gostar da Madeira” aplica-se aos nossos estudantes universitários que além de continuarem privados de pagar viagens a preços justos e aceitáveis nas suas deslocações ao continente, ainda viram, recentemente, ser-lhes negados mais direitos, nomeadamente em matéria de alojamento, ao ser chumbada, pela esquerda, a proposta do Estatuto de Estudante Deslocado Insular.

É porque, seguindo esta ordem de ideias, convém esclarecer que quem verdadeiramente gosta não maltrata, não boicota, não discrimina, não mente, não prejudica, não desrespeita, não defrauda e não ignora, deliberadamente, necessidades, direitos e expetativas.

De facto, esse “gostar” não nos serve e é por isso que não é, nunca foi nem será correspondido.

Porque, na realidade – e bem – os Madeirenses “gostam” daqueles em quem podem confiar. Daqueles que trabalham e se esforçam por garantir que a Madeira seja, efetivamente, um lugar melhor para todos aqueles que aqui vivem e também para todos os que nos visitam ou nos fazem escolha de vida pessoal e/ou profissional.

Nós, Madeirenses, “gostamos” daqueles que cumprem com a sua palavra, que honram os seus compromissos no dia-a-dia e que, acima de tudo, não fogem às suas responsabilidades.

Daqueles que sabem estar sempre presentes nos bons, mas também, nos maus momentos, encontrando as melhores soluções e sabendo concretizar um projeto de desenvolvimento que representa a melhor resposta no presente e a maior esperança no futuro.

E, perdoem-me a franqueza, mas, nesta equação, não entra certamente o PS.

Esforçar-nos-emos para continuarem a “gostar” de nós, merecendo a cada momento essa confiança e essa preferência. Sabendo cumprir, juntos e ao lado da nossa população, o projeto e a visão que felizmente partilhamos para o futuro, ao invés de empolar palavras sem qualquer significado.

A nossa luta será, sempre, a de garantir, sejam quais forem as circunstâncias e seja contra quem for, que os Madeirenses fiquem a ganhar.

Que seja a Madeira a ganhar.

É assim que pensamos, nesta grande e enorme Madeira que somos!