PS prepara-se para adiar o seu congresso nacional para o primeiro trimestre de 2024
O PS prepara-se para adiar o seu Congresso Nacional de setembro para o primeiro trimestre de 2024, decisão que deverá sair da reunião de hoje da Comissão Nacional deste partido, que se realiza no Porto.
Fonte da direção do PS adiantou à agência Lusa que a intervenção inicial da reunião da Comissão Nacional do PS, a cargo do líder socialista, António Costa, vai ser dedicada à análise da situação política, sendo aberta aos jornalistas.
Esta reunião do órgão máximo dos socialistas é a segunda desde o início do ano e ocorre num momento em que o Governo tem estado sob pressão com uma série de casos em discussão na comissão parlamentar de inquérito sobre a gestão da TAP.
No último mês, o presidente do PS, Carlos César, sugeriu um "refrescamento" do Governo e a ex-ministra Alexandra Leitão defendeu mesmo que António Costa fizesse um "reset" na sua equipa. Mas o primeiro-ministro não deu até agora qualquer sinal nesse sentido e decidiu mesmo manter no seu Governo João Galamba como ministro das Infraestruturas, contrariando frontalmente o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Fonte da direção do PS adiantou à agência Lusa que, na parte da reunião da Comissão Nacional relativa a assuntos internos partidários, deverá ficar decidido um adiamento do congresso nacional de setembro para o primeiro trimestre de 2024.
"Os estatutos do PS permitem expressamente a possibilidade de haver um reajustamento em função dos ciclos eleitorais. Mesmo que se mantivesse o congresso para setembro próximo, dentro de dois anos teríamos de fazer um reajustamento nesse calendário, porque em setembro de 2025 estaremos a poucas semanas das eleições autarquias", alegou um dirigente socialista.
Por outro lado, no plano político, com o congresso a realizar-se no primeiro trimestre de 2024, servirá como rampa de lançamento da campanha socialista para as eleições europeias, previstas para junho do próximo ano. E o congresso seguinte do PS, em 2026, acontecerá cerca de seis ou sete meses antes das eleições legislativas -- isto, se a legislatura se cumprir.
Este calendário proposto pela direção do PS é contestado pela sensibilidade minoritária liderada por Daniel Adrião.
"Os mandatos eletivos estão definidos nos estatutos e têm a duração de dois anos. Tirando a situação excecional com a pandemia de covid-19, este princípio foi sempre respeitado por todos os anteriores líderes do PS e por todas as minorias", referiu em declarações à agência Lusa, antes de deixar uma acusação à direção socialista.
"Os congressos não podem ser marcados em função de dar jeito ou não dar jeito às direções do partido. Estamos perante mais uma prática irregular. Mais grave, penso que esta é uma prática que aproxima o PS das forças de poder em democracias iliberais", acrescentou.