Câmara Municipal acusa ARM de planear "ataque a Santa Cruz"
A Câmara Municipal de Santa Cruz acusa a ARM (Águas e Resíduos da Madeira) de "servir de braço armado do poder regional e do seu projecto político de poder" e repudia o comunicado ontem emitido por essa empresa, considerando que este "se consubstancia numa ameaça directa e sem precedentes à população deste concelho".
"Perdas de água comprometem o abastecimento em Santa Cruz", alerta ARM
A Águas e Resíduos da Madeira (ARM) informa, através de comunicado, que voltou a alertar a Câmara Municipal de Santa Cruz para o "significativo aumento do volume de água fornecido em alta", tendo solicitado que fossem tomadas medidas no sentido de evitar a falta de água à população.
No comunicado hoje emitido, a autarquia afirma que a ARM lança a ideia de que só neste concelho existem perdas de água, "e esconde a circunstância de que muitos dos concelhos onde a água é gerida por esta empresa pública têm perdas superiores às que aqui se verificam".
Conhecedores desta situação, não vamos aceitar que a água dos santacruzenses seja desviada para colmatar a incompetência da ARM e dos seus dirigentes, em claro prejuízo da nossa população. Câmara Municipal de Santa Cruz
A autarquia liderada por Filipe Sousa questiona ainda a ARM sobre onde estava "quando durante décadas os executivos PSD nada fizeram para recuperar as redes obsoletas de água deste concelho?". Acusa esta empresa de apenas agora ameaçar com o corte de água aos santa-cruzenses, quando a Câmara Municipal está a recuperar "falhas com mais de 30 anos".
"Infelizmente é esta a qualidade da democracia que temos na Madeira, onde organismos públicos são usados como arma de arremesso e servem para ameaçar as populações que ousaram e legitimamente escolheram outros partidos que não o PSD. É a democracia do votas em nós ou ficas sem água", refere.
A Câmara dá ainda outro exemplo: "as terras devolvidas ao mar da piscina de Santa Cruz motivaram logo pedidos de documentação, pedidos de explicações, ameaças, denúncias. Há pelos menos duas semanas que o nosso mar está conspurcado por terras de uma obra no Porto Novo e aí já não se ouve ninguém. Silêncio profundo".
O comunicado termina indicando: "Caso para dizer que uma coisa é terra cor de laranja e outra é terra verde. Ou que uma coisa são perdas de água laranja e outra perdas de água verde. Era preciso mais decência na gestão da coisa pública e mais vergonha que levasse ao exercício de uma verdadeira democracia".