Putin sai "enfraquecido" da rebelião armada do grupo Wagner
O chanceler alemão, Olaf Scholz, defendeu hoje que o Presidente russo, Vladimir Putin, saiu "enfraquecido" da rebelião abortada do grupo de mercenários russo Wagner.
A rebelião armada do grupo Wagner "terá consequências a longo prazo para a Rússia", afirmou Scholz à estação pública de televisão ARD, mostrando-se pouco inclinado a "participar em qualquer especulação sobre a duração do mandato" de Putin, "que pode ser longa ou curta, não sabemos".
"Penso que ele (Putin) está enfraquecido, porque isso (a rebelião dos mercenários) mostra que as estruturas autocráticas e as estruturas do poder têm brechas e que não ele não está tão solidamente instalado como afirma em todo o lado", acrescentou.
"A Rússia é uma potência nuclear, é um país muito poderoso -- é por isso que devemos estar sempre atentos às situações perigosas, e esta foi uma situação perigosa", segundo o líder alemão.
"Muita gente especula sobre o facto de [a tentativa de rebelião] ter terminado - também não o sabemos, mas, em qualquer caso, terá certamente consequências a longo prazo na Rússia", sustentou o sucessor de Angela Merkel.
O grupo Wagner, do empresário Yevgueni Prigozhin, considerado o braço armado de Moscovo no estrangeiro, liderou uma sublevação armada entre sexta-feira à noite e sábado à tarde que abalou a Rússia.
Durante menos de 24 horas, os seus homens tomaram várias instalações militares na cidade estratégica de Rostov, no sudoeste do país, e percorreram centenas de quilómetros em direção a Moscovo, antes de Prigozhin pôr fim à rebelião, em troca de imunidade prometida pelo Kremlin para ele e para os seus combatentes, obtida num acordo mediado pelo Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko.
Esta crise representou o maior desafio com que Putin, que classificou os acontecimentos como uma "traição", se viu confrontado desde que chegou ao poder, no final de 1999.
Quanto à guerra na Ucrânia, o chanceler alemão voltou a repetir que eventuais negociações só poderão iniciar-se se Moscovo retirar as suas tropas do país vizinho, que invadiu há 16 meses, a 24 de fevereiro de 2022.
"Não se pode realmente afirmar com certeza se isso será mais fácil ou mais difícil por causa destes acontecimentos", observou o chefe do Governo alemão.
"É por isso que é importante que a Ucrânia dê o seu contributo para que tal se torne possível, o que está a tentar fazer com a atual ofensiva", acrescentou, sublinhando: "Apoiamos a Ucrânia para que ela possa defender-se, o objetivo do nosso apoio à Ucrânia não é uma mudança de regime na Rússia".