Suíça invoca neutralidade para voltar a negar envio de armas para Kiev
O Governo suíço reafirmou que não tenciona enviar armas para a Ucrânia, desta vez velhos tanques Leopard 1, de fabrico alemão, pertencentes ao empresarial de defesa pública Ruag, invocando o seu princípio histórico de neutralidade.
O Conselho Federal chegou à conclusão de que a venda dos 96 tanques "não é possível com base na lei em vigor", segundo um comunicado do Governo federal.
"Tal venda seria particularmente contrária à lei sobre material de guerra e levaria a uma mudança na política de neutralidade da Suíça", concluíram os sete membros do Conselho Federal.
Essa lei, interpretada estritamente pelo Conselho Federal, proíbe a exportação ou reexportação de material bélico para países em conflito.
A Ruag, uma empresa de propriedade integral da Confederação, comprou 96 Leopard 1 A5 usados ??e não operacionais a uma agência do Ministério da Defesa italiano em 2016.
O grupo de armamento inicialmente pretendia recuperá-los para possíveis compradores ou vender peças de reposição para aqueles tanques que ainda estão na Itália.
No entanto, a invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro do ano passado, criou novas oportunidades e as autoridades ucranianas pedem insistentemente mais tanques de guerra aos países aliados.
Com financiamento da Holanda, a Ruag entregaria os tanques ao fabricante alemão, que por sua vez os restauraria para que pudessem apoiar as forças armadas ucranianas nos seus esforços para retomar os territórios ocupados pelos russos.
A decisão do Governo federal chega sem grandes surpresas, ainda que estejam em curso reflexões em particular no parlamento para tentar amenizar o princípio da neutralidade, um dos fundamentos da filosofia política e da diplomacia suíça.
O parlamento propõe uma reforma da lei que permitiria a reexportação de material bélico para um país em guerra se este fizer uso do seu direito de legítima defesa, se o Conselho de Segurança da ONU ou uma maioria de dois terços da Assembleia Geral das Nações Unidas sancionar a violação do direito internacional e ainda se os países compradores assinarem uma declaração de não reexportação.