Guterres condena expansão de colonatos por Israel na Cisjordânia com 5.500 unidades
O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou hoje o avanço dos planos de Israel para expandir os colonatos na Cisjordânia ocupada com 5.500 unidades habitacionais, reiterando tratar-se de uma "violação flagrante do direito internacional".
Em comunicado, o vice-porta-voz de Guterres, Farhan Haq, indicou que esses planos constituem uma "violação flagrante das resoluções relevantes da Organização das Nações Unidas (ONU)".
"O secretário-geral mais uma vez exorta o Governo de Israel a interromper e reverter a expansão dos colonatos nos territórios palestinianos ocupados, a cessar imediata e completamente todas as atividades de colonatos e a respeitar plenamente as suas obrigações legais a esse respeito", diz o comunicado.
A expansão persistente dos colonatos na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, "aprofunda as necessidades humanitárias, alimenta significativamente a violência, aumenta o risco de confronto, fortalece ainda mais a ocupação e mina o direito do povo palestiniano à autodeterminação", insistiu Guterres.
Além disso, os novos colonatos "corroem a possibilidade de estabelecer um Estado Palestiniano soberano contíguo e viável, com base nas linhas anteriores a 1967, impedindo assim a capacidade de alcançar uma solução viável de dois Estados e uma paz justa, duradoura e abrangente", concluiu.
Na terça-feira, numa reunião do Conselho de Segurança da ONU, o enviado das Nações Unidas para o Oriente Médio, Tor Wennesland, já havia manifestado "particular alarme" com os "níveis extremos de violência dos colonos" israelitas contra aldeias palestinianas, por vezes com apoio das forças de segurança de Israel.
Em particular, Wennesland denunciou "a contínua expansão dos colonatos israelitas na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, que alimenta a violência".
Na mesma reunião, e apesar do alarme da ONU, o embaixador de Israel nas Nações Unidas, Gilad Erdan, frisou que o seu país não interromperá a construção de colonatos nos territórios palestinianos ocupados.
Também o Governo norte-americano tem aumentado o tom das críticas à política de colonatos de Israel e, ainda no início deste mês, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, classificou essa estratégia como "um obstáculo ao horizonte de esperança que se procura".
Contudo, os Estados Unidos tomaram poucas medidas contra Israel, apesar de, em sinal de desagrado, a Casa Branca ainda não ter convidado para uma visita a Washington o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, como é tradição após as eleições israelitas.
O Governo de Netanyahu, o mais extremista nos 75 anos de história de Israel, fez da expansão dos colonatos a sua principal prioridade e vários membros dos partidos da coligação têm pedido o aumento da construção de casas nos colonatos da Cisjordânia.