INE revê em baixa Valor Acrescentado Bruto do Turismo em 2020
O Instituto Nacional de Estatística (INE) reviu hoje em baixa os dados referentes ao Valor Acrescentado Bruto (VAB) no turismo em 2020, ano em que o setor foi afetado pela pandemia da covid-19.
"Em 2020, o total do VABGT [VAB gerado pelo Turismo] registou uma contração de 48,9%, face a 2019", refere o instituto estatístico, que na edição de 2021 da Conta Satélite do Turismo apresentava dados provisórios de 44,5%.
O VABGT das atividades características do turismo caiu, por sua vez, 49%, com destaque para o transporte aéreo -- em que foram registados valores negativos de 108,1% --, agências de viagens, operadores e guias turísticos (-77,8%), restaurantes e similares (-55,1%), aluguer de equipamento de transporte de passageiros (-52,5%) e hotéis e similares (-52,1%).
Dentro das várias categorias deste indicador, apenas o VABGT referente a residências secundárias por conta própria, registaram um crescimento, tendo aumentado 3,6%.
A contração de 49% das atividades características do turismo compara com a contração de 5,8% do VAB da economia nacional em 2020.
No ano em análise, o INE aponta que a despesa do turismo recetor foi a mais afetada pelo contexto pandémico, tendo recuado 59,4%, que compara com a variação negativa de 34,7% no turismo interno.
Em 2020, a despesa do turismo recetor foi de 8.593 milhões de euros, contra 21.187 milhões de euros no ano anterior, enquanto a despesa do turismo interno e de outras componentes recuou 29,6%, de 11.719 milhões de euros para 8.254 milhões de euros.
No que ao emprego diz respeito, houve uma diminuição de 8,1% face a 2019, fixando-se em 425.730 trabalhadores equivalentes a tempo completo, cerca de 9,1% do total do emprego nacional, e contra 463.372 no ano anterior.
Sem a componente turística das atividades características do turismo, o emprego no setor correspondeu a 4,4% do total do emprego nacional, somando 206.691 equivalentes a tempo completo, menos 23,7%.
As categorias que registaram uma maior contração das remunerações foram transportes aéreos (-26,8%), hotéis e similares (-18,9%), restaurantes e similares (-16,2%) aluguer de equipamento (-15,8%) e agências de viagens (-15,6%).
Já a maior variação de emprego foi nas categorias hotéis e similares (-18,9%), aluguer de equipamentos (-9,0%) e agências de viagens (-8,6%).
"Em 2020, as remunerações nas atividades características do turismo representaram 7,6% do total de remunerações da economia nacional. Considerando apenas a componente turística, o peso das remunerações correspondeu a 3,7% do total da economia nacional", refere o INE.
No ano em análise, estas remunerações caíram cerca de 14%, enquanto a nível nacional foi registado uma estagnação. Já a remuneração média por trabalhador nas atividades características do turismo foi inferior à média nacional em 12,8% em 2020, que compara com -3,9% em 2019.
A nível europeu, em 2020, Portugal registou a segunda maior importância relativa do VAB gerado pelo turismo na economia nacional (4,4%), apenas atrás de Espanha (5,3%) entre os países com dados disponíveis.
Ainda assim, apenas Islândia (-73,4%) e a Chéquia (-49,4%) registaram uma queda do VABGT superior à observada em Portugal (-48,9%), em 2020.