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Bolsonaro diz não ser justo ficar inelegível por reunião com embaixadores

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O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro questionou na segunda-feira a legitimidade da acusação que pode tirar-lhe os direitos políticos por um período de oito anos, num julgamento que recomeça hoje.

Bolsonaro, que é acusado de ter cometido "abusos de poder" durante a campanha eleitoral de 2022, pelas suas ações para minar a confiança no sistema eleitoral, disse que a sua intenção era precisamente a oposta, "proteger a democracia".

"É justo cassar os direitos políticos de alguém que reuniu embaixadores? Não é justo falar em atacar à democracia. Aperfeiçoamento, buscar colocar camadas de proteção, é bom para a democracia", disse Bolsonaro, após reunião com deputados na Assembleia Legislativa de São Paulo.

O ex-presidente brasileiro fez estas declarações na véspera de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) retomar o julgamento em que é acusado de "abusos de poder" durante a campanha eleitoral, na qual foi derrotado pelo atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva.

O foco da acusação é uma reunião que Bolsonaro convocou com cinquenta embaixadores estrangeiros na residência presidencial oficial, em julho de 2022, para desacreditar a transparência do sistema eleitoral e a própria democracia, e que mandou transmitir na televisão pública.

A primeira audiência do julgamento foi realizada na passada quinta-feira e nela o Ministério Público acusou Bolsonaro de expor "alegações inverídicas" perante os embaixadores, com o objetivo de minar a confiança nas eleições e "perturbar a normalidade institucional do sistema democrático".

O TSE agendou um total de três sessões para o julgamento, que será retomado nesta terça-feira, com a leitura do voto do magistrado Benedito Gonçalves, instrutor do processo, que já deu a entender que decidirá a favor da culpa de Bolsonaro.

Depois de Gonçalves, os outros seis membros do tribunal pronunciar-se-ão e a sentença será proferida.

No meio jurídico, no entanto, existe a possibilidade de um juiz pedir mais tempo para analisar o caso, o que poderia estender a decisão por até 60 dias.