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Chega diz que Costa não deixou "nenhuma garantia" sobre recusa de cargo europeu

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O presidente do Chega apelou hoje ao primeiro-ministro para que clarifique se está disponível para assumir um cargo europeu antes do fim da legislatura e considerou que as palavras de António Costa "não deixam nenhuma garantia aos portugueses".

Em conferência de imprensa na sede do partido, em Lisboa, o líder do Chega abordou as declarações de António Costa ao jornal Público, em que diz não estar disponível para vir a ocupar qualquer cargo na União Europeia depois das eleições de junho de 2024.

André Ventura queria que o primeiro-ministro tivesse sido "claro e inequívoco" sobre a sua "indisponibilidade para assumir um cargo europeu", apontando que "as declarações de António Costa não só não deixam nenhuma garantia aos portugueses, como denotam bem o nível de calculismo político com que se move nas águas da política".

"António Costa nunca diz que cumprirá este mandato até ao fim ou sequer que está absolutamente indisponível para isso, o que diz é que nunca comprometeria a estabilidade política, ou seja, nunca sairia sem garantias de que o PS voltaria a ter condições para vencer eleições. Isto é adensar as suspeitas que todos temos de que em Bruxelas o nome de António Costa é um dos mais falados para a liderança do Conselho Europeu", defendeu.

O líder do Chega salientou que "era importante que António Costa clarificasse se está ou não disponível, no curso deste mandato, para assumir um qualquer lugar" europeu e considerou que "seria de uma tremenda irresponsabilidade, egoísmo, comodismo político e cobardia política uma fuga para Bruxelas".

"As respostas que António Costa deu aumentam e adensam as dúvidas de que tem essa vontade e de que há uma campanha em curso para o colocar como presidente do Conselho Europeu. [...] Cabe a António Costa dizer que em caso algum substituirá o lugar que os portugueses lhe atribuíram por outro qualquer na Europa", apelou Ventura.

Numa resposta ao jornal Público, em reação à notícia de que Bruxelas vai pressionar o primeiro-ministro português a ir para o Conselho Europeu, António Costa explicou que não aceitará qualquer missão que ponha em causa a estabilidade do país.

"Eu sou o garante da estabilidade. Já expliquei a todos que não aceitarei uma missão que ponha em causa a estabilidade em Portugal. Alguma vez eu poria em causa a estabilidade que tão dificilmente conquistei?", questionou.

Sobre as jornadas parlamentares do PS, que se realizam entre hoje e terça-feira na Madeira, o presidente do Chega considerou que o PS "quer recuperar algum do capital político na Madeira", mas defendeu que "o Chega é o único partido que pode retirar a maioria absoluta ao PSD" naquele arquipélago.

"O PS tem feito mal à Madeira na governação nacional [...]. O que espero é que os madeirenses não se deixem iludir pelos socialistas e que deem uma sanção muito severa nestas eleições regionais ao PS", apontou.

André Ventura também tinha agenda prevista na Madeira hoje, mas foi adiada na sequência do cancelamento de voos para o Funchal devido ao vento forte.

Na conferência de imprensa, o líder do Chega foi também questionado sobre a rebelião do grupo paramilitar russo Wagner no sábado, e afirmou que o Presidente russo está "a colher aquilo que semeou" e que o que se passou "pode ser o golpe final na estabilidade do regime russo liderado por [Vladimir] Putin".

André Ventura considerou também que a NATO e a União Europeia "têm de ter especial cautela" e devem "estar preparadas para qualquer eventualidade e até para terem de agir em algum momento".