Medvedev alerta para perigo de armas nucleares caírem nas mãos de "bandidos"
O ex-Presidente russo Dmitri Medvedev declarou hoje que se "os bandidos" do grupo Wagner assumirem o poder na Rússia, que possui armas nucleares, o mundo inteiro ficará "à beira da destruição".
"Estamos muito conscientes das consequências de um golpe de Estado na maior potência nuclear" do mundo, disse Medvedev, atualmente vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, citado pela agência oficial TASS.
"Na história da raça humana, nunca houve uma situação em que o maior arsenal de armas nucleares tenha sido controlado por bandidos. Obviamente, tal crise não se limitará a um só país. O mundo será levado à beira da aniquilação", sustentou.
Segundo Medvedev, uma rebelião armada como a dos mercenários do grupo Wagner, dirigida por Yevgueni Prigozhin, "é uma operação bem pensada e planeada, cujo propósito é tomar o poder no país".
"A evolução dos atuais acontecimentos mostra que as ações de quem organizou a rebelião militar se enquadram plenamente no esquema de um golpe bem pensado e orquestrado", sublinhou.
O ex-chefe de Estado russo indicou também que, por essa razão, se pode falar da "participação na rebelião de pessoas que anteriormente serviram nas unidades de elite das Forças Armadas da Federação Russa e, muito possivelmente, de especialistas estrangeiros".
E assegurou também que a liderança russa não permitirá que "criminosos loucos e seus seguidores" tomem o poder no país.
"Não permitiremos que os eventos sigam esse enredo. Não importa quão fortemente os criminosos loucos e seus seguidores desejem vê-lo materializar-se", afirmou.
O chefe do grupo paramilitar Wagner reivindicou hoje a ocupação de Rostov, cidade estratégica no sul da Rússia para a guerra na Ucrânia, e apelou para uma rebelião contra o comando militar russo, que acusou de atacar os seus combatentes.
O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, classificou a ação do grupo paramilitar como rebelião, afirmando tratar-se de uma "ameaça mortal" ao Estado russo e uma traição e garantindo que não vai deixar eclodir uma "guerra civil".
Prigozhin acusara antes o Exército russo de atacar acampamentos dos seus mercenários, causando "um número muito grande de vítimas", acusações negadas pelo Ministério da Defesa da Rússia.
As acusações de Prigozhin expõem profundas tensões dentro das forças de Moscovo em relação à ofensiva na Ucrânia.