O bom, o mau e o desprezado
Não será o memorial que impedirá nova tragédia, mas o desprezo que o mesmo mereceu do Estado é o melhor símbolo do estado a que o País chegou
À custa da Jornada Mundial da Juventude, o Governo português inventou uma amnistia de infrações, coroada com o perdão de penas. A inusitada piedade governamental tem, de acordo com a proposta de lei, uma razão principal. O exemplo de vida do Papa Francisco na “exortação da reinserção social das pessoas em conflito com a lei penal”. Trocado por miúdos, as “pessoas em conflito com a lei penal” são, entre outras, os arguidos condenados pela prática de crimes. Depois, salpicou-se o perdão com os requisitos de idade para participação na jornada mundial e encontrou-se razão para a amnistia aplicar-se, apenas, aos jovens entre os 16 e os 30 anos. E se a Jornada fosse, não da juventude, mas da terceira idade?