A Guerra Mundo

Ucrânia informa população sobre riscos de incidente nuclear

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O ministério da Saúde ucraniano apelou hoje à população para evitar o pânico e alertou contra a ingestão de comprimidos de iodo, após a declaração do Presidente Volodymyr Zelensky que acusou Moscovo de preparar um "atentado" contra uma central nuclear ocupada.

As declarações emitidas quinta-feira por Zelensky sobre o risco de atentado à central nuclear de Zaporijia (sudeste), a maior da Europa e ocupada pelas tropas russas desde março de 2022 suscitaram uma nova vaga de inquietação num país marcado pela catástrofe nuclear de Chernobil em 1986.

"Os nossos serviços secretos obtiveram informações pelas quais a Rússia preparar o cenário de um atentado terrorista à central de Zaporijia, com fuga de radiações", disse Zelensky.

O Kremlin comentou de imediato esta acusação qualificando-a de "mentira".

Após a declaração do Presidente ucraniano, o ministério da Saúde publicou no Telegram as recomendações a seguir em caso de incidente nuclear, recordando que os comprimidos de iodo não serão necessários.

"Leiam e partilhem mas não entrem em pânico. Não façam o jogo do inimigo", exortou o ministério. "O Presidente Zelensky não disse nada de novo. A Rússia é um país terrorista que, como um macaco com uma granada, é possível esperar tudo".

Num segundo comunicado hoje emitido, o ministério ucraniano alertou contra os efeitos indesejáveis dos comprimidos de iodo. "A ingestão não controlada de potássio de iodo é perigosa" e pode implicar "pesadas consequências", e "mesmo a morte", insistiu.

De acordo com uma funcionária de uma farmácia de Kiev, a procura de comprimidos de iodo "aumento de 100 a 150%" após o discurso de Zelenky, indicou a agência noticiosa AFP.

Os comprimidos de iodo são destinados à prevenção do cancro da tiroide no caso de emissões radioativas provocadas por um acidente nuclear grave. O medicamento não protege contra elementos radioativos como o césio 134 ou 137.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,7 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,2 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.