Alterações Climáticas Mundo

PR brasileiro condena inércia do mundo no combate às alterações climáticas

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Foto EVARISTO SA / AFP

O Presidente brasileiro, Lula da Silva, condenou hoje veementemente a inércia da comunidade internacional no combate às alterações climáticas e na redução das desigualdades.

"A questão climática tornou-se uma anedota", disse o Presidente da República, num discurso inflamado, no final de uma cimeira em Paris dedicada ao financiamento da luta contra a pobreza e o aquecimento global, que arrancou aplausos estrondosos da sala.

"Quem é que implementou o Protocolo de Quioto? Quem implementou as decisões da COP 15 de Copenhaga? Quem implementou as decisões da COP de Paris", questionou, sublinhando que as decisões não estão a ser implementadas "porque não existe uma governação global para atingir os objetivos" definidos.

"Com este mecanismo, os ricos são sempre ricos e os pobres são sempre pobres", afirmou.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) "deixa muito a desejar em relação ao que se espera dele", afirmou, referindo que a Argentina, que pretende renegociar os termos de um empréstimo de 44 mil milhões de dólares (40,4 mil milhões de euros) com o Fundo, se encontra numa situação económica "muito difícil".

Não podemos continuar com instituições "que estão a funcionar de forma errada", disse Lula, que deverá ter hoje um almoço com o Presidente francês, Emmanuel Macron.

O Presidente brasileiro também criticou os países que "voltam a praticar o protecionismo", visando implicitamente os Estados Unidos. Atacou também a União Europeia, que ainda não ratificou um acordo de comércio livre com o Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai), com resistências particularmente fortes em França.

No final da cimeira, Emmanuel Macron falou de um "consenso total" para "reformar profundamente" o sistema financeiro mundial, tornando-o "mais eficaz, mais justo e mais adaptado ao mundo de hoje".

A cimeira, organizada por iniciativa de Emmanuel Macron, reuniu durante dois dias cerca de 40 chefes de Estado e de Governo e os dirigentes das instituições financeiras internacionais.