Reconhecimento de "virtudes heroicas" de Lúcia é alegria para quem ama Fátima
O bispo de Leiria-Fátima, o madeirense José Ornelas, considerou hoje que a aprovação pelo Papa do decreto que reconhece as "virtudes heroicas" da Irmã Lúcia é uma "alegria" para os que "amam Fátima e se deixam inspirar pela presença de Maria".
"Primeiro porque os pastorinhos não ficariam completos sem Lúcia, mas sobretudo porque foi ela que deu a conhecer as memórias de todo o acontecimento de Fátima", disse o prelado em declarações divulgadas pelo Santuário de Fátima.
O Papa Francisco aprovou hoje a publicação do decreto que reconhece as "virtudes heroicas" da vidente de Fátima Lúcia de Jesus, abrindo caminho para a sua beatificação, informou o Santuário de Fátima.
A aprovação do decreto ocorreu após uma audiência concedida pelo pontífice ao prefeito do Dicastério para as Causas dos Santos, cardeal Marcello Semeraro, na manhã de hoje, informou a Sala Stampa do Vaticano.
A irmã Lúcia, a mais velha dos três videntes de Fátima, é considera pelos responsáveis do santuário da Cova da Iria como "figura central no conhecimento e divulgação da Mensagem dirigida à humanidade por Nossa Senhora nas Aparições", em 1917.
Para José Ornelas, "Lúcia é o exemplo do efeito da mensagem de Fátima junto de quem se aproxima dela, numa vida entregue a Deus".
O também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa adiantou que, "se os dois primeiros pastorinhos [Francisco e Jacinta] representam a idade da infância, aqueles que foram objeto do especial carinho de Maria, Lúcia representa a idade adulta, a idade da razão, das memórias meditadas, amadurecidas e transmitidas pela sua própria pena".
Por sua vez, para o cardeal António Marto, bispo emérito de Leiria-Fátima, a irmã Lúcia foi "portadora de uma mensagem que interiorizou na sua própria espiritualidade", destacando a "forma discreta e humilde" como Lúcia viveu "o seu amor a Deus, a Nossa Senhora, à Igreja e a toda a humanidade".
"Esta sua espiritualidade, santidade e virtudes são muito humanas: ela não era uma extraterrestre, não vivia fora da nossa órbita; foi humana e muito feminina, uma mulher inteligente e perspicaz, desembaraçada e solidária, cheia de alegria e humor contagiante como testemunham as irmãs do Carmelo", acrescentou Antonio Marto, que integra o Dicastério para as Causas dos Santos.
O cardeal, também citado na página do Santuário de Fátima, destacou ainda a dimensão "histórica e universal da santidade" que este momento significa.
"Esperamos agora que surja depressa um milagre para podermos participar na grande festa da sua Beatificação e Canonização", acrescentou António Marto.
Já o reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas, afirmou que Lúcia de Jesus "foi uma figura marcante no século XX português, uma figura marcante na Igreja apesar da sua vida discreta".
A declaração de reconhecimento das virtudes heroicas da irmã Lúcia é para o Santuário de Fátima é um motivo de "alegria carregada de responsabilidade", afirmou o sacerdote, para quem "é o reconhecimento de Fátima como escola de santidade e a mensagem de Fátima como um caminho de comunhão com Deus e é isso que vemos espelhado na vida da irmã Lúcia, o que nos responsabiliza para melhor dar a conhecer a vida da irmã Lúcia".
Também a vice-postuladora da Causa de Beatificação e Canonização da Irmã Lúcia sublinhou que "Lúcia reúne em si toda a espiritualidade da mensagem de Fátima e também a espiritualidade do Carmelo; mas é uma figura que ultrapassa os limites deste espaço físico de Fátima e do Carmelo, porque Lúcia é uma figura universal".
"Creio que pode ser uma fonte inspiradora para tantos de nós que caminhamos em busca do Senhor, que passamos por momentos difíceis, por momentos confusos", acrescentou a irmã Ângela Coelho.