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Um dilema

É muito fácil, quando as coisas correm mal, encontrar culpados e "bater" em quem está por terra, não posso fazê-lo

Está a fazer um ano, exactamente neste mês de Junho, que me foi lançado um desafio de assinar mensalmente, um artigo de opinião no Diário de Notícias.

Tenho-o feito com o maior prazer e o melhor que sei e posso. O primeiro dei-lhe o título e em função do seu conteúdo de: - O DESAFIO, onde explicava o porquê e ao que ia, aproveitando para apresentar e perante a total liberdade que me foi dada, as linhas balizadoras que a mim próprio impus. Por uma questão de princípio e de saber estar!

Modestamente, acho que tem corrido bem. A avaliar pelos que fazem o favor de me ler e que me transmitem o seu feedback, por mensagem, telefonema, pessoalmente quando me encontram e especialmente, tanta gente que não me conhecendo de lado nenhum, faz questão de me cumprimentar e incentivar, o que me “aumentou” a responsabilidade de ser rigoroso com o que faço e transmito. Aqui, agradeço sensibilizado.

Mas, há sempre um mas..., o que me conduz e dirige é a minha consciência e aí não transijo e como diz, a vox populi, não há nada para ninguém...

Vem esta introdução por causa do Marítimo. A minha consciência diz-me para escrever sobre o assunto, mas, o tal mas, noutros momentos, diz-me para não o fazer, daí o dilema.

A sua definição, diz-nos: - Na filosofia, um dilema moral é uma situação na qual um agente é moralmente obrigado a seguir um curso de acção A, ou um curso de acção B, mas, não pode seguir ambos.

A situação começou a me incomodar, porque se não escrevo, deixo de ter a independência e liberdade que a minha consciência me impõe para fazê-lo, se o faço nos termos que a situação do meu Clube do coração exige, vou magoar pessoas que prezo e estragar amizades, que por exemplo no caso do Dr. Rui Fontes vêm dos nossos 7 anos de idade.

Aconselhei-me com o Dr. Ricardo Oliveira, são muitos anos a “virar frangos” e com muita quilometragem de papel devorado; disse-me: - Siga a sua consciência!

Troquei impressões com o meu filho mais velho, que me recordou que uma das minhas “regras” é não escrever sobre assuntos que me digam respeito e em que não possa ser isento; ora, todos sabemos quando falamos com “a camisola” clubística vestida, a racionalidade normalmente fica debilitada.

Decidi, que vou privilegiar e respeitar a Amizade e os que fazem parte da Direcção do Clube Sport Marítimo, dando o melhor do seu esforço, pese os resultados verdadeiramente negativos apresentados e conseguidos. Sei que são maritimistas e se não fizeram mais, foi porque não puderam ou souberam, por isso vou-me abster de dizer tudo o que sinto.

É muito fácil, quando as coisas correm mal, encontrar culpados e “bater” em quem está por terra, não posso fazê-lo.

Mas, sempre o tal mas.

De criança sempre assumi as minhas responsabilidades, algumas vezes, até as que não eram minhas e aqui não posso terminar sem acrescentar:

• Tal como vimos nos penáltis a incompetência é promotora do insucesso, não foi a falta de sorte ou “outras” razões aleatórias, como por exemplo a relva, que nos podem ajudar a encaixar o revés. Convém não esquecer, que já aí chegámos, depois de sucessivos “milagres”. E isso, foi transversal a tudo o que aconteceu durante a época, talvez a mais fraca da história do MARÍTIMO.

Não chega pedir desculpa. Há que saber retirar as devidas consequências!

• Lembro-me de quando jogava nos Juniores do Clube o saudoso Sr. Adelino Rodrigues filho do Sr. Alexandre “do Marítimo”, por vezes utilizava uma frase, em vernáculo, que era ...”É pior um Homem atrapalhado que uma Mulher bêbada” ... A prestação lamentável apresentada num momento tão sensível e exigente, por aquele que era o representante da Liderança do Clube, do meu ponto de vista, colocou em xeque a credibilidade e a confiança no hipotético sucesso do projecto estratégico. Custa-me muito dizê-lo, mas, é o que sinto. Que Deus permita o meu engano, ficaria muito feliz.

P.S. - O jornalista Nélio Gouveia, profissional que muito prezo e respeito, teve a gentileza de me convidar, para participar no seu programa na RTP-Madeira “PROLONGAMENTO”. Pelas mesmas razões e expostas atrás, ainda que, com pena, tive de declinar. Agradeço o convite e a sua compreensão.