A Guerra Mundo

Enviado chinês reconhece dificuldades em promover negociações para a paz

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Foto AFP

O enviado especial da China para a região da Eurásia, Li Hui, reconheceu hoje "dificuldades" em conseguir convencer a Ucrânia e a Rússia a sentarem-se à mesa e iniciarem negociações para a paz.

"Vai ser difícil para as duas partes sentarem-se à mesa. Mas é importante que alguém tome a iniciativa de criar as condições para um acordo", afirmou o enviado chinês, em conferência de imprensa.

"A China está preparada para fazer o que for necessário para promover as negociações", acrescentou.

Li, que realizou, no mês passado, um périplo pela Rússia, Ucrânia, Polónia, França, Alemanha e Bélgica, insistiu que a China mantém uma "posição objetiva" sobre a guerra na Ucrânia e apoia o fim das hostilidades.

A decisão de Pequim de designar um enviado especial para promover uma solução para a guerra sintetiza os esforços do país asiático para afirmar a sua liderança nos assuntos internacionais.

Pequim apresenta-se como uma parte neutra e pretende desempenhar um papel de mediador, mesmo que a posição de parceiro económico e diplomático próximo de Moscovo a desqualifique aos olhos dos países ocidentais.

A China nunca condenou publicamente o Presidente russo, Vladimir Putin, pela invasão da Ucrânia, lançada em 24 de fevereiro de 2022.

"A viagem mostrou que a China está do lado da paz. É uma crise complexa. A China não iniciou ou alimentou esta crise, e o [nosso] objectivo é que seja alcançado um acordo", assegurou Li.

Ele afirmou que, durante a sua visita, teve um diálogo "construtivo, aprofundado e franco" com todas as partes, que "falaram positivamente" dos esforços de Pequim.

"Eles reconhecem os nossos esforços e todos gostariam de um acordo, e a China continuará a trabalhar nesse sentido", observou.

Li garantiu que a "Ucrânia apreciou o respeito da China pela integridade territorial" do país, enquanto a Rússia expressou "desejos" de que as condições para a paz possam ser atendidas.

"A posição da China é objectiva e justa, não importa com quem falamos, e tem o apoio da comunidade internacional", afirmou.

Segundo Li, o lado ucraniano "apoia" e "agradece" os esforços da China, enquanto com os países europeus "existe um entendimento" para uma oposição comum ao uso de armas nucleares.

"Mas o conflito continua a crescer e a incerteza é preocupante. É necessário construir um clima de paz para evitar que a crise se espalhe e isso é difícil, mas a China continuará a fazer esforços", disse.

Ele assegurou ainda que há "lições dolorosas" a tirar, e que "todas as partes devem reflectir e compreender as causas e possíveis soluções".

"A crise só pode ser resolvida através do diálogo. E todos apoiam um acordo, mas agora é difícil colocar as partes na mesa. Mas nenhum dos lados fechou a porta a negociações para a paz", acrescentou.

A 18 de maio, o enviado especial chinês assegurou em Kiev que "todas as partes têm de criar as condições para acabar com a guerra" e "iniciar conversações de paz".

Kiev respondeu a Li que a Ucrânia não aceitará um plano de paz que implique a perda de território.

Pequim apresentou um documento de posição detalhado de 12 pontos, em 24 de fevereiro, que foi recebido com cepticismo pela Ucrânia e os seus aliados ocidentais.

No final de abril e pela primeira vez desde o início da guerra, o Presidente chinês, Xi Jinping, manteve uma conversa por telefone com o homólogo ucraniano, Volodimir Zelensky, durante a qual o primeiro anunciou a nomeação de um enviado especial para a Ucrânia.

Xi explicou a Zelensky que não assistiria "ao conflito de longe à espera de obter benefícios" ou colocaria "mais lenha na fogueira", defendendo que o "diálogo e a negociação" são a "única saída".