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Guterres alerta que Sudão está a "mergulhar na morte e na destruição"

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O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, alertou hoje que o Sudão está a mergulhar "na morte e na destruição a um ritmo sem precedentes", defendendo mais apoio internacional para este país africano.

"Sem um forte apoio internacional, o Sudão pode tornar-se rapidamente num lugar de anarquia, causando insegurança em toda a região", alertou Guterres, na abertura de uma conferência para angariar fundos para responder à crise humanitária, citado pela agência France-Presse.

Pelo menos 1.073 pessoas morreram e mais de 11.700 ficaram feridas no Sudão, nos dois meses de conflito entre duas forças militares pelo poder, anunciaram as Nações Unidas.

"A situação no Darfur e em Cartum é catastrófica. Os combates são violentos e as pessoas são atacadas nas suas casas e nas ruas", afirmou António Guterres, acrescentando: "Antes do início deste conflito, o Sudão já estava a enfrentar uma crise humanitária, mas agora transformou-se numa catástrofe que afeta mais de metade da população do país... é crucial evitar que a situação se deteriore ainda mais".

A única forma de pôr termo à crise é o regresso à paz e o restabelecimento do poder civil, defendeu Guterres.

As Nações Unidas lançaram dois apelos aos doadores para fazer face à crise: a ajuda humanitária no próprio Sudão e a ajuda aos refugiados nos países de acolhimento, num total de 3 mil milhões de dólares, cerca de 2,7 mil milhões de euros, este ano, mas que até agora foram financiados em menos de 17%.

Muitos dos funcionários da ONU responsáveis pela ajuda de emergência salientaram que os fundos para a Ucrânia foram desembolsados rapidamente, poucas semanas após a invasão russa, mas os doadores foram mais tímidos relativamente ao Sudão, apesar de a crise humanitária já ser grave muito antes dos atuais confrontos.

A conferência de doadores de Genebra tem por objetivo dar um novo impulso à ajuda financeira internacional, e é coorganizada pela agência humanitária da ONU e pelo seu Alto Comissariado para os Refugiados, juntamente com o Egito, que acolhe um grande número de refugiados, a Alemanha, o Qatar e a Arábia Saudita, bem como a União Africana e a União Europeia.