A Guerra Mundo

Kiev acusa Hungria de bloquear acesso a prisioneiros de guerra

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A Ucrânia acusou hoje Budapeste de bloquear o acesso a um grupo de prisioneiros de guerra ucranianos transferidos da Rússia para a Hungria por intermédio da igreja ortodoxa russa e sem o conhecimento das autoridades de Kiev.

"Nos últimos dias, todas as tentativas de diplomatas ucranianos para estabelecer contacto direto com estes cidadãos ucranianos não tiveram sucesso", declarou o porta-voz da diplomacia ucraniana, Oleg Nikolenko, na rede social Facebook.

Transferidos para a Hungria em 08 de junho, estes 11 ucranianos de origem húngara, "foram de facto colocados em confinamento solitário, não tendo acesso a fontes abertas de informação e a comunicação com familiares acontece na presença de terceiros", afirmou Nikolenko.

"Tais atos de Budapeste (...) podem ser classificados como uma violação da Convenção Europeia dos Direitos do Homem", acusou o porta-voz.

Segundo Nikolenko, Kiev "pediu mais uma vez" ao Governo húngaro que "dê ao cônsul ucraniano acesso imediato" a estes prisioneiros de guerra.

Esta visita do cônsul tem como objetivo, segundo o porta-voz ucraniano, "avaliar a condição física e psicológica dos prisioneiros, explicar-lhes os seus direitos e prestar-lhes assistência consular de emergência".

Este grupo de prisioneiros é da Transcarpácia, uma região no oeste da Ucrânia que abriga uma grande comunidade húngara.

A transferência para a Hungria foi anunciada pela igreja ortodoxa russa, que atuou como intermediária. A Ucrânia, por seu lado, lamentou não ter participado no processo de negociação.

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Órban, mantém contacto com o Kremlin apesar da guerra na Ucrânia e criou fortes laços com a igreja ortodoxa russa nos últimos anos.

Graças ao apoio de Órban, o patriarca russo Cirilo - um fiel partidário do Presidente russo, Vladimir Putin - escapou de sanções da União Europeia (UE) no ano passado.

O líder húngaro também mantém relações complicadas com a Ucrânia, país que recusa ajudar militarmente face à invasão russa lançada em fevereiro de 2022.