Análise

Sondagens, miragens e chantagens

A semana que passa fica marcada por sondagens, miragens e chantagens. As sondagens. Por valerem bem mais do que aparentam, numa ilha muito refém do passado e distraída em relação ao futuro. Voltamos a auscultar os madeirenses que deixaram inúmeras pistas a quem vai a votos nas próximas regionais, facilitando-lhes assim a vida, embora a indicação para que os partidos valorizem mais a competência do que a militância, quando escolherem candidatos às eleições, possa complicar as contas de merceeiro e os habituais arranjos de circunstância. O estudo de opinião da Aximage para o DIÁRIO deixa ainda claro que os madeirenses corroboram a estratégia do Governo Regional em matéria fiscal, pois valorizam mais a redução dos impostos sobre o rendimento do que uma eventual baixa de IVA. E que num cenário favorável a quem manda actualmente nos destinos da Região o enfraquecimento do PS provoca uma dispersão de votos, geradora de nova Arca de Noé no parlamento madeirense.

As miragens. Por revelarem uma governação hesitante. Foi notícia que a PSP e a GNR assinaram "um protocolo inédito", que prevê que efectivos de uma das polícias possam actuar na área de competência da outra, devido ao número de turistas esperados no Verão, especialmente para a Jornada Mundial da Juventude.

A decisão do Ministério da Administração Interna prevê o emprego de valências de policiamento de proximidade e visibilidade da GNR e da PSP e visa "contribuir para uma melhor e maior segurança dos cidadãos,”. Ou seja, tanto a GNR, que faz essencialmente policiamento em áreas rurais, como a PSP, que actua nos centros urbanos, vão cooperar em nome do 'Verão Seguro', comprovando que em momentos extraordinários devem ser usadas medidas do mesmo calibre, mas acima de tudo que, afinal, não é impossível a coexistência pacífica das duas forças policiais em matérias de relevante interesse público.

O que é estranho é que tendo o Funchal solicitado uma solução do mesmo teor, para assim ver reforçada a segurança na cidade, o mesmo MAI tenha criado obstáculos que pelos vistos são levianos e infundados.

A esta hora Pedro Calado – que por sinal, na semana passada, visitou em Jersey uma moderna esquadra em que as várias polícias cooperam – deve estar a rir-se dos que questionaram o seu propósito que, não só é exequível, como elementar, sobretudo num contexto em que o reforço do contingente da PSP na Região ficou aquém das expectativas.

As chantagens. Por comprovarem absurdos, entre os quais o maritimista. Entre lágrimas e soluços que em nada prestigiam a grandeza do clube, Rui Fontes optou por agendar para 27 de Junho “uma apresentação, discussão e votação da proposta de Plano Estratégico para o futuro imediato do CSM”. Entretanto, já acabou com os sub-23, despachou jogadores e contratou um treinador. Não admira que um grupo de sócios do Marítimo queira a "votação da destituição dos membros de todos os órgãos sociais". A constante mudança de projectos de gestão sem o consentimento dos adeptos é motivo mais do que legítimo para a contestação, mesmo que a descida do Marítimo ao escalão secundário, após 38 anos de glória entre os grandes, apesar de previsível, fosse evitável. Bastava que os adeptos tivessem maior lucidez quando foram chamados a escolher líderes que ainda não se convenceram que estão a prazo, se é que querem realmente um investidor a sério e que perceba de futebol.